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Diplomacia

Espanha minimiza briga com Chávez

Madri – O governo da Espanha tentou ontem minimizar o bate-boca entre o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e o rei espanhol Juan Carlos. O ministro espanhol das Relações Exteriores, Miguel Angel Moratinos, rejeitou qualquer sanção diplomática contra Caracas e classificou o caso como "incidente diplomático".

Moratinos disse que a discussão não deve afetar as relações bilaterais entre os dois países. Um eventual afastamento, segundo ele, prejudicaria tanto a Venezuela quanto a Espanha. Desde que Chávez assumiu o poder, em 1999, empresas espanholas já investiram cerca de US$ 2,5 bilhões na Venezuela. Entre os principais investidores estão os bancos Santander e BBVA, a companhia de petróleo Repsol, a Telefónica e a seguradora Mapfre.

Oposição

A oposição elogiou a atitude do rei, mas pediu medidas duras por parte do governo socialista do premier José Luis Rodríguez Zapatero contra a Venezuela. Ángel Acebes, secretário-geral do oposicionista Partido Popular (PP), exigiu ontem que o governo chame seu embaixador em Caracas.

A pouco mais de três meses das eleições gerais, marcadas para março, a discussão entre Juan Carlos e Chávez parece ter aberto a campanha eleitoral espanhola. Praticamente empatados em pesquisas de opinião divulgadas ontem, o PP aproveitou o caso para criticar a política externa do premiers socialista, considerada "negligente" e "muito tolerante" com Chávez.

O Partido Socialista (PSOE) contra-atacou imediatamente, dizendo que Aznar reuniu-se 14 vezes com Chávez e, em um desses encontros chegou a dizer ao presidente venezuelano que "a Espanha não pode dar lições de democracia a ninguém".

O ex-primeiro-ministro José María Aznar, que foi chamado de "fascista" por Chávez e acabou sendo o pivô da discussão, está na Colômbia para uma série de conferências e não quis comentar o caso.

A polêmica envolvendo o ex-premier começou quando Chávez, em seu discurso na Cúpula Ibero-americana, em Santiago, no Chile, acusou Aznar de participação no fracassado golpe de estado contra ele, em abril de 2002. "É um fascista", disse Chávez. Zapatero defendeu o ex-premiê, exigiu "respeito", já que Aznar havia sido eleito pelos espanhóis.

Zapatero e Chávez começaram então uma dura discussão – que mais parecia um monólogo de Chávez. Irritado, o rei deixou a pose de lado, apontou para Chávez e gritou: "Por que você não se cala?"

Se o governo espanhol tenta colocar panos quentes no assunto, para Chávez a briga parece estar começando. Ao desembarcar em Caracas no domingo à noite, Chávez disse que não ouviu quando o monarca mandou que calasse a boca.

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