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O presidente do governo da Espanha, Pedro Sánchez, anunciou nesta terça-feira (12) uma taxação de bancos e empresas de energia para financiar ajudas sociais diante da alta inflação no país no contexto da guerra na Ucrânia.
Em debate no Parlamento sobre o Estado da Nação, que não era realizado há sete anos e no qual governo e oposição podem apresentar propostas, Sánchez fez os anúncios em meio a um novo racha entre os dois partidos de esquerda que formam a coalizão de governo: o PSOE, do qual ele é membro, e o Unidas Podemos. Desta vez, a divergência se deve a um aumento dos gastos militares para 2% do Produto Interno Bruto (PIB) prometido por Sánchez aos aliados da OTAN - a legenda aliada é contra.
Sánchez anunciou um imposto sobre os lucros extraordinários obtidos por grandes empresas de energia elétrica, gás e petróleo em 2022 e 2023, com o qual pretende arrecadar cerca de 2 bilhões de euros em cada ano. A outra taxação, que mira instituições financeiras, tem a expectativa de arrecadar cerca de 1,5 bilhão de euros por ano no mesmo período.
Segundo o chefe do governo espanhol, esses setores "estão se beneficiando dos aumentos das taxas de juros". Por isso, ele pediu às grandes empresas que mostrem responsabilidade social repassando lucros extraordinários aos consumidores, assim como o governo está destinando o aumento da receita tributária à ajuda para aliviar o impacto econômico da guerra.
Durante o debate sobre o Estado da Nação, Sánchez destacou que o imposto sobre instituições financeiras será temporário e aplicado àquelas que "já estão se beneficiando de aumentos de taxas".
Entre outras medidas anunciadas por Sánchez no debate, está a implementação de uma bolsa suplementar de 100 euros por mês, de setembro a dezembro, para todos os estudantes com mais de 16 anos de idade. Além disso, serão adotadas medidas de economia de energia, a começar pelos edifícios públicos, a promoção do transporte público e do home office.
"O grande desafio que a Espanha enfrenta atualmente chama-se inflação", disse o presidente do governo, referindo-se à taxa interanual de 10,2% registrada em junho, o nível mais alto em 37 anos no país para um período de 12 meses.