Nova York - A Capela de São Paulo, ou St. Pauls Chapel, tem quase 250 anos e muitos consideram inexplicável o fato de ter resistido ao 11 de Setembro. Um milagre.
Ela está a poucos passos de distância do biombo que separa as obras do World Trade Center (WTC) e o movimento intenso de pessoas na calçada. O local é um dos três mais visitados de Nova York, ao lado da Estátua da Liberdade (prestes a fechar para reformas) e da Times Square.
Os resgatadores que trabalhavam nos escombros das Torres Gêmeas usaram a Capela para descansar, comer e dormir. O papel que ela desempenhou nos dias seguintes aos atentados a transformaram em uma referência importante relacionada à data.
A reportagem visitou a Capela algumas vezes ao longo desta semana chuvosa. Ontem, quando o sol voltou a sair na cidade, o número de pessoas circulando ao redor do WTC aumentou muito. Multidões passam pela igreja.
A Capela de São Paulo é pequena tem mais ou menos o tamanho do teatro Guairinha, de Curitiba, com paredes pintadas de cor-de-rosa claro. Onde antes estavam os bancos em que as pessoas se sentavam para acompanhar as missas, agora há cadeiras improvisadas. Algumas são bordô e de armar. Outras, de madeira com assento de vime.
Os bancos originais, compridos, foram quase todos retirados da igreja porque ganharam valor histórico. Os poucos que continuam lá mostram marcas do uso feito pelos homens que buscavam sobreviventes nos restos do WTC a tinta descascada e a madeira lascada.
A Capela fica no meio de um terreno verde com várias lápides muito antigas. Na frente da entrada, o "Sino da Esperança", como foi batizado, está enfeitado com fitas brancas de um projeto artístico cuja proposta é decorar a construção sobretudo as grades que circundam o terreno com mensagens positivas deixadas pelos visitantes. Quem quiser, pega uma fita branca na entrada da igreja e escreve algo perto da frase "Recordar para amar" e a amarra em qualquer ponto do terreno. Os muros da Capela estão cobertos do branco das fitas.
Escritos em diversas línguas, a maioria dos textos fala em paz para as vítimas e para os familiares, e reconhece o trabalho dos bombeiros, policiais e voluntários.
A estudante alemã Victoria Wager, 23 anos, se emocionou com a atmosfera do lugar. "Os escritos são muito tocantes", diz.
A igreja tem vários objetos expostos, relacionados às vítimas do 11 de Setembro, como insígnias de policiais e bichos de pelúcia. Um item citado pelos visitantes ouvidos pela reportagem foi a roupa de bombeiro usada por um dos homens que trabalhou no então Marco Zero. O sobretudo e as botas semidestruídas ainda recendem fumaça.
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