O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, aproveitou a ocasião do 10.º aniversário dos atentados de 11 de Setembro nos Estados Unidos, que serão lembrados no domingo, para renovar seu pedido por um tratado mundial contra o terrorismo, frustrado há uma década por conta de discussões sobre o que constitui terrorismo.
A ONU tem mais de 13 tratados separados que cobrem o terrorismo, financiamento do terror, rapto de aviões e armas de destruição em massa, mas quer uma convenção mundial para unir todos os aspectos de contraterrorismo e dar novo impulso para combater ameaças.
"Nosso objetivo é ter uma convenção abrangente para lidar com todo o terrorismo internacional", disse Ban em coletiva de imprensa durante visita à Austrália, dois dias antes do aniversário dos atentados planejados pela Al-Qaeda, que mataram cerca de 3 mil pessoas.
"Lamentavelmente, isso não aconteceu até hoje. Houve alguns desacordos entre Estados-membro", acrescentou no último dia de sua viagem, em que também passou por Nova Zelândia e o Pacífico Sul.
A Índia é fortemente a favor do tratado global, mas desacordos no Oriente Médio sobre quais organizações são consideradas terroristas vêm afastando qualquer possibilidade de acordo.
Ao invés disso, a Organização das Nações Unidas em 2001 criou um Comitê de Contraterrorismo, composto de membros do Conselho de Segurança, que supervisiona os esforços globais para combater o terrorismo. Em 2005, o Conselho de Segurança adotou uma resolução para pedir aos Estados-membro para negar abrigo a qualquer um que planejar atos de terror.
Ban, no entanto, disse no mês passado que o ataque contra um prédio da ONU na Nigéria revelou que a ameaça persistia, apesar dos esforços mundiais. A explosão de um carro-bomba matou 23 pessoas e deixou 80 feridos.
"Minha posição é que o terrorismo não é justificado sob qualquer circunstância. Por qualquer justificativa, deve ser impedido", disse Ban.
Ele disse que tinha memórias vívidas dos ataques de 2001 contra os Estados Unidos, que obrigaram a retirada das pessoas da sede da ONU, em Nova York, e levou o secretário-geral a fazer uma resolução de emergência. Na época, ele era chefe de gabinete da ONU.
"Foi uma situação bem caótica nas Nações Unidas", disse, acrescentando que a Assembleia Geral se reuniu novamente 24 horas após os ataques.
"A primeira coisa que fizemos, e que eu iniciei, foi elaborar a resolução mais forte possível contra ataques terroristas. Isso condenou o ataque terrorista nos termos mais fortes possíveis.
Sinto orgulho de ter sido parte desse esforço."
Ban deixou a Austrália nesta sexta-feira para retornar à Nova York, onde participará dos eventos que lembrarão o aniversário e as vítimas dos ataques de 2001.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura