"Doutrina Obama" evita ações isoladas
Ao anunciar o envolvimento norte-americano na Líbia, em março, o presidente Barack Obama listou uma série de condições para a entrada dos Estados Unidos em conflitos.
Distrito financeiro de NY se reinventa
Região costumava ser fria e impessoal, mas ganhou vários estabelecimentos que tornaram o bairro mais receptivo para moradores e visitantes.
Muçulmano pede engajamento
Na tarde última sexta-feira, o imã Shamsi Ali coordenou um evento em nome da união de várias religiões. Para ele, os muçulmanos precisam ser "embaixadores de sua fé" e se relacionar com pessoas de outras crenças como se fossem suas vizinhas.
Nova York Vive
Um dia, dez anos
Nas bancas, a quantidade de publicações dispostas a falar do 11 de Setembro é acachapante. Edições especiais preenchem as prateleiras falando de resiliência, luto e otimismo.
O declínio do império
Estados Unidos saíram de superavit fiscal em 2001 para um déficit de 9% do PIB em 2010.
Al-Qaeda enfraquece, mas inspira
A violação de direitos humanos na citada prisão americana em Cuba, a tortura, fora o prosaico fato de que não é possível entrar numa aeronave com uma lixa de unha são testemunhas do custo na visão ocidental-liberal.
Uma história e muitas lições
Em salas de aula de quatro países, aprendizado sobre o 11/9 traz sementes para conflitos futuros.
É como se a névoa de pó e escombros que subiu naquela manhã de 11 de Setembro em Nova York encobrisse o país inteiro, e os segundos da queda das Torres Gêmeas ensurdecessem os Estados Unidos por dez anos.
Custou uma década, mas os tabus e as dúvidas que tomaram governo e sociedade com os atentados em Manhattan, no Pentágono e na Pensilvânia começam a se dissipar. O país de 11/9/2011 é mais cético que o de 12/9/2001.
Esse despertar é notado por gente da direita e da esquerda do espectro político, como Charles Kupchan, Robert Kagan e Joseph Nye; por ativistas desencantados e por uma população mais desconfiada do que ocorreu naquele dia e do que foi feito depois em nome dele.
O mundo é outro, sem dúvida, e a importância dos atentados já seria inegável mesmo que só para expor ao planeta e revelar a si mesma as impotências daquela que reivindicou para si o termo superpotência.
"O 11 de Setembro transformou a política externa americana por uma década, e só agora a forma de os EUA lidarem com o mundo está voltando ao normal", diz Charles Kupchan, pesquisador do Council on Foreign Relations.
"Quando examinarmos esse período, o veremos mais como uma aberração histórica do que uma transformação histórica", afirma Kupchan, que integrou o Conselho de Segurança Nacional no governo Bill Clinton.
A ascensão chinesa já estava lá, bem como o avanço da América Latina (seja a emergência do Brasil, ou a onda de governos de esquerda) e a perda de peso político da aliada Europa.
Os EUA apenas demoraram a notá-los vácuo hoje mais visto como acelerador, e não causador, do processo.
"Nunca me convenci da tese da apolaridade global, e não acho que a estrutura do sistema internacional tenha mudado tanto assim", afirma Robert Kagan, estrategista e colunista conservador que esteve no Departamento de Estado de Ronald Reagan.
"Às vezes, as pessoas, ao olharem para trás, veem um passado imaginário no qual os EUA podiam fazer tudo que quisessem, mas isso nunca existiu", completa.
Na alusão cabem os neoconservadores que dominaram os primeiros anos do governo de George W. Bush e desencadearam uma reação hoje amplamente vista como apressada e exagerada.
Não há consenso se esse lapso, no longo prazo, parirá um país mais introvertido ou mais aberto ao mundo.
Nesse espectro minúsculo de história, três pontos são dados como certos, por ora: o ápice do unilateralismo ficou em 2003, no Iraque; Barack Obama mudou a retórica, mas não corrigiu o rumo externo dos EUA; e são as limitações da crise econômica que ditarão o envolvimento americano no mundo.
Em dez anos, o que já se sabe ter sido afetado de forma duradoura é a maneira de os EUA se defenderem e tratarem suas vulnerabilidades. Essa mudança de visão afetou o país em algo que o define: as liberdades civis, antes um paradigma social, cultural e político americano, foram afrouxadas.
Analistas alertam que isso prevalecerá mais do que a radicalização política que costuma ser atribuída às divisões acirradas na última década, mas surgida antes.
O 11 de Setembro tornou os americanos mais lenientes ao atropelamento da Constituição pelo Executivo, à tortura, à supressão de direitos, à prisão sem acusação nem julgamento, a Guantánamo.
Tanta leniência culminou em desencanto, diz Medea Benjamin, uma das principais ativistas antiguerra dos EUA. Mais pessimista é Michael Ratner, presidente do Centro para Justiça Criminal e defensor de parte dos detentos esquecidos em Guantánamo. "Obama não mudou quase nada. Isso tornou a depravação da liberdade uma característica permanente de nosso sistema."
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