Quando o assunto é economia, o coro da oposição venezuelana é um só. O governo é acusado de reprimir a iniciativa privada, afugentar os investimentos internacionais, controlar o câmbio com mão de ferro e ter fracassado no combate à inflação. O resultado das políticas chavistas, segundo os opositores, é a paralisação das atividades econômicas, o aumento das importações em mais de 20% no último ano cerca de 80% dos produtos consumidos no país são importados e o crescimento desenfreado dos gastos públicos.
Empresários, analistas e grande parte dos economistas do país são unânimes em afirmar que, apesar de todos esses problemas, o preço do petróleo, a mais de US$ 100 o barril, dá sustentação ao governo de Hugo Chávez. E é aí, segundo os críticos, que mora o perigo. A economia da Venezuela, a cada ano, dizem, depende mais do petróleo.
O setor petroleiro representa hoje um quarto do Produto Interno Bruto (PIB) do país, 95% das exportações e cerca de 40% das receitas públicas.
"O petróleo proporciona ingressos de divisas e serve para fortalecer a economia, mas o grau de dependência é muito alto e isso torna a Venezuela um país vulnerável", diz o economista José Guerra, professor da Universidade Central da Venezuela e ex-gerente de Pesquisa Econômica do Banco Central da Venezuela. (veja entrevista ao lado)
Outro alvo dos críticos é a inflação, que supera 1.400% nos 13 anos do governo Chávez. Em agosto os preços subiram 18,1%, segundo os últimos dados do Ministério das Finanças.
Respostas do governo à oposição não faltam. Mesmo com a crise internacional, rebatem os chavistas, o PIB cresceu 5,4% no segundo trimestre de 2012, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Foi o sétimo trimestre consecutivo de expansão econômica, sustentada pelo pesado investimento do governo antes das eleições presidenciais.
Mas o crescimento do PIB não é o principal trunfo exibido por Chávez e seus auxiliares. A grande arma de campanha governista é a redução da pobreza. E os dados de diversos organismos internacionais dão combustível aos argumentos do Palácio Miraflores. A Comissão Econômica para América Latina (Cepal), órgão da ONU, reconheceu este mês "grandes avanços da Venezuela na redução da pobreza". O país conseguiu baixar a taxa de pobreza de 48,6%, em 2002, para 26,8% em 2010.
"O novo modelo de política econômica-social do governo revolucionário e sua implementação progressiva nos dá os resultados positivos de hoje, que são validados por todos os pesquisadores internacionais", enaltece Jesse Chacón, diretor da Fundação GISXXI, e ex-ministro de Interior e Justiça, em artigo publicado na mídia chavista.
O governo capitaliza também dados do Centro de Pesquisas Econômicas e Políticas (CEPR, na sigla em inglês), com sede em Londres, que apontam um aquecimento da economia por meio de investimentos em setores populares, como a construção de casas. De acordo com a CEPR, a construção civil na Venezuela cresceu 22% em 2011.
E há ainda a redução do desemprego, que passou de 8,6% em 2011 para 7,9% em agosto desde ano, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE). Em 2003, a taxa era de 19,2%.
Independentemente dos argumentos de cada lado, quem chega na Venezuela hoje vê claramente um incremento do consumo e economia populares. Por outro lado, produtos nacionais de qualidade são raros produtos de alta tecnologia só se forem importados , o que confirma a tese da desindustrialização e falta de investimentos em alguns setores produtivos.