Desde que foi confirmada a vitória do governo na eleição de domingo, na Venezuela, as principais mensagens do presidente Hugo Chávez se dirigiram à oposição. No discurso da vitória, logo após a divulgação do boletim oficial do Conselho Nacional Eleitoral, o presidente foi claro: "Convido os que não nos apoiaram a trabalharem conjuntamente pela Venezuela".
Ontem à tarde, Chávez voltou à carga. Pelo Twitter, o socialista disse que conversou com o líder opositor por telefone. "Acredite em mim: tive uma conversa agradável com Henrique Capriles. Convido-o à unidade nacional, respeitando nossas diferenças", tuitou o presidente.
Também pelo Twitter, Capriles confirmou o telefonema e a conversa. "Recebi uma ligação do presidente Chávez. Em nome de mais de 6,5 milhões de venezuelanos, fiz um chamado à unidade do país e ao respeito a todos", escreveu o candidato derrotado.
A sinalização para um diálogo por parte do governo foi vista com reservas pela oposição. Os líderes da Mesa da Unidade Democrática (MUD), que reúne os principais partidos de oposição, foram unânimes a impor condições para uma conciliação.
"O diálogo tem de partir de uma base. E essa base está em dois pontos: reconhecimento de que existe uma parte da sociedade venezuelana que não concorda com o governo e respeito a essa imensa parcela de venezuelanos", disse Ramon Aveledo, secretário executivo da MUD, se referindo aos cerca de 6,5 milhões de votos dados a Capriles.
O governador do estado de Lara, Henri Falcón, que retirou o apoio ao governo em 2010, disse que mais de 44% da população do país expressou que o governo é ineficiente e incapaz de resolver alguns dos principais problemas da nação. "Não vamos baixar a guarda, vamos aos bairros, ao povo", desafiou.
Para analistas, o aceno à unidade e conciliação feito por Chávez é resultado da necessidade de reduzir a tensão e a divisão na sociedade venezuelana.
"O projeto do governo encontra resistência em quase metade da população. Há problemas na segurança pública, inflação alta. É preciso resolver essas questões e Chávez sabe que precisa de apoio", diz o sociólogo Tulio Hernández.
"Há tensão na sociedade venezuelana. É fundamental reinstitucionalizar a vida política do país", enfatiza Rodolfo Magallanes, diretor do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Central da Venezuela.
Entrevista
"Bolívia e Equador devem integrar o Mercosul"
Ivan Ramalho, alto representante do Mercosul.
O economista Ivan Ramalho (foto) assumiu o cargo de Alto Representante do Mercosul após a renúncia do embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, em julho. Ex-secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio do Brasil, ele terá mandato de 18 meses e pode ser reeleito por mais três anos. Ramalho foi indicado pelo governo brasileiro como um dos observadores da eleição na Venezuela. O representante do Mercosul conversou com a Gazeta do Povo na sede do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano.
O Mercosul superará as dificuldades para integrar a Venezuela?
Nós estamos convencidos de que o ingresso da Venezuela no Mercosul vai trazer ganhos para a economia do bloco. Haverá mais investimentos e trocas comerciais. Todos os países vão sair ganhando.
A exclusão do Paraguai não cria um impasse?
O Paraguai foi suspenso politicamente pelos outros países do bloco. A economia paraguaia, no entanto, ficou isenta da decisão política. Todas as regras econômicas aplicadas ao bloco, as tarifas, estão vigentes também para o Paraguai. A suspensão será anulada?
A decisão dos países deve ser mantida até as eleições democráticas que o Paraguai deve realizar no próximo ano. A expectativa é que tudo volte à normalidade após as eleições.
A saída do Paraguai está descartada?
Não vejo possibilidade de o Paraguai deixar o Mercosul. Nenhum membro do bloco deseja a saída paraguaia.
O Mercosul planeja integrar novos países?
Estamos em processo de entendimento com a Bolívia e o Equador. Esses são os próximos países que devem fazer parte do bloco, caso as negociações evoluam de acordo com nossos objetivos.
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