Os venezuelanos estão indo em massa neste domingo (7) às urnas para escolher seu presidente em um dia ensolarado, mas, sobretudo, marcado pela tranquilidade e a expectativa já que o governante Hugo Chávez conta pela primeira vez em 14 anos com um oponente com opções de vitória, Henrique Capriles. As seções eleitorais abriram às 06h locais (7h30 de Brasília) e receberão eleitores até as 18h locais (19.30 GMT), embora o processo possa durar mais, até que os venezuelanos que aguardam em filas tenham podido exercer seu direito possam votar.
O cenário anuncia várias horas de incerteza e possivelmente de silêncio total, que será rompido quando forem publicados à noite os resultados oficiais destas eleições históricas para a Venezuela e com repercussões em toda a América Latina.
Desde a primeira hora de eleição as seções eleitorais de Caracas registraram o comparecimento em massa de eleitores, em alguns casos gerando filas quilométricas. Para tornar mais amena a espera, os moradores da capital levaram jornais para passar as horas, com garrafas de água para não se desidratar, comida e cadeiras para esperar sua vez de votar. Em muitos casos, as filas fazem voltas em vários quarteirões e são quilométricas.
"Não achei que haveria tanto comparecimento", comentou à Agência Efe Argenis Alvarado, eleitor que votou no leste de Caracas e que comparou o dia de hoje com o do referendo de 2004, que deu continuidade ao mandato do presidente Chávez.
No plebiscito, convocado a pedido da posição de Chávez, os venezuelanos votaram massivamente e de forma majoritária em favor da continuidade de seu presidente no poder.
O tempo bom também favoreceu a corrida às urnas, já que a ameaça de chuva que havia no começo da manhã foi perdendo força até deixar uma jornada ensolarada e com brisa.
Além disso, o clima de tranquilidade impera em toda a Venezuela sem que ao meio-dia (13h30 de Brasília) houvesse informações sobre incidentes violentos, e foram registradas algumas prisões por ações isoladas como a abertura pública de cédulas de votação.
Os inconvenientes se apresentaram especialmente nas dúvidas que muitos cidadãos tiveram à hora de depositar seu voto, assim como em alguns erros do sistema de votação pela pressa devido especialmente à ansiedade dos eleitores ao completar os passos do voto eletrônico.
Mas, sobretudo, imperou a atitude dos venezuelanos, conscientes da importância desta eleição, em que Chávez, depois de quase 14 anos no poder busca sua terceira reeleição, enquanto Capriles surge como um candidato com força após reunir o apoio de praticamente todos os opositores ao governo.
"É a primeira vez que voto e sinto que é um dia importante para todos para tentar dar um melhor futuro ao país, fazer algo pelo país", afirmou à Agência Efe Moises Calvo, um jovem de 22 anos que acredita que "a todo governo um dia envelhece".
Em alguns municípios de Caracas foi relatada demora na votação devido a alguns problemas no sistema de impressão digital e a problemas com as máquinas.
"O tempo de espera é bastante complicado, particularmente eu estou com um bebê e felizmente não tive complicações, mas é bastante lento a meu ver", disse à Efe Ana Rodríguez, uma dona de casa de 30 anos, em uma seção na paróquia El Paraíso, no município Libertador, o principal de Caracas.
Por sua vez, Roberto Bolívar, um comerciante de 44 anos, comentou com a Efe que "o processo é muito lento", mas disse que está "disposto a esperar" o tempo que for necessário para exercer seu direito ao voto.
Jacobo Dip, um dentista de 64 anos, disse claramente: "Este governo foi muito, muito ruim, fez coisas em favor das classes mais necessitadas, mas (foram) muito mal orientadas. O pior é a violência, sequestraram um filho meu, e vários amigos e parentes sofreram assaltos e roubos".
Segundo o Observatório Venezuelano de Violência, nos últimos 14 anos a taxa de homicídios passou de 19 a 50 a cada 100 mil habitantes, com um aumento de 434,4% neste período, enquanto o sequestro se disparou até crescer 2.654%, de acordo com um artigo publicado hoje pelo jornal "El Nacional".
Mas o apoio a Chávez continua sendo grande na Venezuela, como demonstram as últimas pesquisas sobre as eleições, que dão vantagem ao presidente frente a Capriles.
Gladis Ortega, uma enfermeira de 66 anos, não tem dúvidas: "vou votar porque a pátria está em jogo, tudo o que este presidente fez por todo o seu povo (...), pelo menos nos garantiu a previdência social", declarou à Efe enquanto esperava sua vez.
Muitos, ainda, estão indecisos, como Mery Herrera, uma ambulante que vende café e de cigarros, que disse à Efe: "Na hora de votar verei por quem me decido. Pelo menos (o governo) me deixou trabalhar aqui e eu dependo do meu trabalhinho".
Um total de 18,9 milhões de venezuelanos foram convocados hoje às urnas em todo o país.
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