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Medo

Violência se torna tema crucial na Venezuela

Grade de proteção no comércio de Caracas: combater crimes será desafio de futuro presidente | Celio Martins/Gazeta do Povo
Grade de proteção no comércio de Caracas: combater crimes será desafio de futuro presidente (Foto: Celio Martins/Gazeta do Povo)

Caracas - Enquanto o presidente Hu­­go Chávez e o líder da oposição Henrique Capriles dis­­cursavam para multidões­­ no­­ do­­mingo à tarde, na reta­­ fi­­nal­­ da campanha presiden­­cial,­­ o secretário-geral do­­ Cor­­­­po de Investigações Cien­­­­­­tí_­­­fica, Penal e Criminal (CIC­­PC),­­­­ Ramón Maldonado, era­­­­­­ assassinado durante um as­­­­sal­­to em Caracas. Quatro ho­­­­­­mens­­ invadiram a casa de­le,­­­­­­ ameaçaram de morte­­ a­­ mu­­­­­­lher e os filhos, e o ma­­ta­­ram­­ com um tiro na cabeça.

O horror que viveu a fa­­mília de Maldonado no fim­­ de semana simboliza um dos principais problemas sociais da Venezuela. A média das pesquisas mostra que 70% dos venezuelanos consideram a insegurança pública como a questão mais importante a ser resolvida pelo próximo presidente.

Os números, apesar de não­­ demonstrarem o senti­­men­­­­to de medo e pavor das pes­­soas comuns, deixam claro que a violência fugiu ao con­­trole. Desde 1998, quando Chávez fez sua primeira campanha eleitoral, o número de homicídios no país quadruplicou, passando de 4.550 para 19.366 em 2011. Hoje, a­­ Venezuela tem uma taxa de­­ 67 assassinatos para cada 100­­ mil habitantes, três vezes ­­superior à do Brasil, que­­ é­­ de 23 homicídios por 100 mil­­ pessoas e está longe­­ da média mundial, de 8,8 por 100­­ mil.

Esse levantamento é feito por organizações independentes, como o Observatório Venezuelano de Violência, uma­­ ONG que trabalha com univer sidades e outras instituições da sociedade civil.­­ O governo Chávez não divulga­­ estatísticas oficiais desde 2009,­­­­ mas diz que a taxa é­­­­ me­­nor, de 50 homicídios pa­­­­ra ca­­da grupo de 100 mil pes­­soas.

O crescimento da violên­­cia amedronta até a polícia.­­ "Na Venezuela, o crime es­­tá­­ ganhando de dez a ze­­ro.­­ Aqui,­­ os bandidos estão­­ nos ma­­tando", desabafa­­ o sargen­­to­­ Te­­rán. Com a­­ morte do in­­­­ves­­tigador Mal­­do­­nado no do­­­­min­­go, foram 80 policiais­­ as­­sas­­sinados este ano na Ve­­ne­­­­zuela.

Nos bairros mais violentos da capital, Caracas, os frequentes assaltos forçaram os pequenos comerciantes a instalar verdadeiras fortalezas em seus estabelecimentos. Muitas lojas são protegidas por grandes de ferro. Os clientes ficam do lado de fora e recebem as mercadorias pelos vãos das grades. E a modalidade de assaltos nos sinaleiros até parece que foi importada do Brasil.

Enquanto a criminalidade galopa, governo, oposição e especialistas têm visões diferentes sobre a insegurança no país.

Os chavistas culpam a concentração de renda e a exclusão social pela violência, enquanto muitos opositores afirmam que falta uma política mais rigorosa de repressão ao crime.

"O governo paralisou a po­­lícia e estimulou o uso da­­ força e das armas com ob­­je­tivos políticos ou para re­­sol­­ver conflitos", dispara Ro­­berto Briceño, sociólogo e pre­­sidente do Obser­­vatório Ve­­nezuelano de Vio­­lência. Ele­­ rejeita a tese do governo­­ de que a pobreza é responsável pelo aumento da criminalidade.

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