As novas tecnologias de informação trouxeram uma preocupação a mais às autoridades educacionais de Cuba. Com crianças, adolescentes e jovens recebendo informações de todas as partes do mundo por meio de celulares e computadores, educadores cubanos admitem que o maior desafio é enfrentar a influência das sociedades liberais.
INFOGRÁFICO: Cubanos lideram o ranking entre os estudantes da América LatinaSLIDESHOW: Veja fotos dos estudantes cubanos
"Nossa tarefa mais difícil é manter os valores de nossa sociedade. Temos de vencer pelo debate das ideias, não pelo fechamento", diz Paul Torres Fernández, especialista em Avaliação da Qualidade da Educação do Instituto Central de Ciências Pedagógicas de Cuba.
Fernández defende abertamente que a educação cubana deve ter conteúdo ideológico e ressalta os avanços em comparação com outros países nas mesmas condições econômicas de Cuba. Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) mostram que Cuba chegou aos 100% de alfabetização na faixa etária de 6 a 11 anos de idade. O analfabetismo a partir dos 15 anos foi praticamente zerado [0,2%] e a evasão escolar no ensino fundamental cubano não existe.
Enquanto na América Latina apenas 7% dos estudantes do ensino médio chegam à universidade, em Cuba esse porcentual chegou a 57%. Hoje caiu para 40% em decorrência da política do governo de reforçar o ensino técnico, voltado para atender às demandas de produção.
Para os especialistas cubanos, os fatores que propiciaram a superação são vários. O investimento em educação, de 12,3% do Produto Interno Bruto (PIB), é fundamental, mas não decisivo, dizem. Isso porque Cuba tem um PIB per capita baixo se comparado com países desenvolvidos.
Os fatores mais importantes, apontam, são o ensino integral público e gratuito do primário à universidade, a organização da rede de escolas, a capacitação de docentes, as medições de desempenho escolar e o acompanhamento das atividades aluno por aluno.
Mas nem tudo são maravilhas. Há problema de infraestrutura, com reduzidos investimentos em informatização das escolas, e dificuldades para remunerar melhor os professores.
Visita
A reportagem da Gazeta do Povo visitou a Escola República Federativa do Brasil, em Havana, para conhecer o funcionamento de um estabelecimento de ensino primário. Situada em um bairro de trabalhadores, a escola tem 215 alunos de 5.ª e 6.ª séries.
Os estudantes entram às 7h50 e voltam para casa às 17h20. No meio da manhã é servido um lanche e das 12h40 às 14h30, o almoço. Além de Matemática, Espanhol, Ciências e História, constam como disciplina curricular educação laboral, musical, artística e física. O ensino de inglês entra no currículo somente no ciclo secundário.
Uniformes e material
As famílias compram os uniformes a preços subsidiados, recebem material escolar e até instrumentos musicais, os quais são devolvidos à escola no final do curso.
"Nenhum aluno mora mais de cinco quadras de distância da escola. Isso facilita o acesso. Todos vêm caminhando para cá", conta o diretor da escola, professor Eusebio Dominguez Abeijon.
São 20 professores, 16 deles licenciados, 2 com mestrado e outros dois cursando a universidade. A escola mantém a média nacional, de não mais que 20 alunos por sala de aula.