Rosa Aurora Freijanes mostra foto do marido, Fernando Gonzales, preso há 15 anos nos Estados Unidos| Foto: Célio Martins/Gazeta do Povo

Mulher de cubano preso diz que teme pela morte do marido

A cubana Rosa Aurora Freijanes passou os últimos 15 anos de sua vida empenhada em trazer de volta para casa seu marido, Fernando Gonzales, um dos cinco cubanos condenados por espionagem nos EUA. Quando foi preso, Gonzales tinha 35 anos e vivia com Rosa havia 8 anos. "Ele está correndo risco na Flórida. Os grupos que planejam ações terroristas contra Cuba podem matá-lo", diz Rosa ao reclamar que seu "companheiro" cumpriu um tempo de pena excessivo. "Ele não praticou nenhum crime, a não ser entrar ilegalmente nos EUA", diz.

Rosa reclama que os EUA não respeitam os direitos humanos, dificultando a visita de parentes dos agentes presos. (CM)

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Em 2010, pelo menos dez vencedores do Prêmio Nobel endossaram uma carta ao presidente dos EUA, Barack Obama, clamando pela libertação de cinco cubanos presos há 15 anos na Flórida acusados de espionagem. O pedido é assinado por nomes como Darío Fo (Itália), Günter Grass (Alemanha), Robert Engle (EUA), Desmond Tutu (África do Sul) e Adolfo Pérez Esquivel (Argentina).

O movimento pela libertação dos "Cinco Heróis", como são chamados em Cuba, reúne ainda líderes políticos, como os sul-africanos Nelson Mandela e Jacob Zuma, o ex-presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter e o uruguaio Jose Mujica. Engrossam a lista escritores, intelectuais e artistas, como a atriz Julie Chirstie, o ator Danny Glover, o escritor Gabriel García Marquez, o poeta Mario Benedetti e o jornalista Ignacio Ramonet.

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Os cinco cubanos foram encarcerados em Miami no dia 12 de setembro de 1998 após terem entrado no país com a missão de espionar grupos de cubano-americanos que, segundo o governo de Cuba, planejavam atentados terroristas contra a ilha.

Até 2001, o regime cubano diz que atentados terroristas planejados por grupos contrarrevolucionários baseados nos Estados Unidos, como o Coordination of United Revolutionary Organizations (Coru), Alpha 66 e Omega 7, deixaram um saldo de 3.478 mortes no país. Nesse número Cuba contabiliza a explosão em 1976, em pleno voo, do avião civil da empresa Cubana de Aviação que causou a morte de 73 pessoas. Entre as vítimas estavam todos os integrantes da equipe nacional juvenil de esgrima de Cuba.

Cuba acusa Luis Clemente Faustino Posada Carriles, um cubano tido como ex-agente da CIA [a agência de inteligência norte-americana], de ser o mentor do atentado ao voo. Na mídia da ilha Carriles – que tem também nacionalidade venezuelana – é classificado de "Bin Laden da América Latina".

Carriles tem também nacionalidade venezuelana e vive nos EUA. A Justiça da Venezuela pediu a sua extradição, mas o governo norte-americano alega que, se fosse deportado para a Venezuela, Carriles seria torturado.

Libertação

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No último dia 3, René González, um dos "cinco heróis cubanos" foi autorizado pela Justiça norte-americana a voltar para casa. Ele estava em liberdade condicional após ter cumprido 13 anos de prisão. A decisão foi emitida pela juíza Joan Lenard, de Miami.

Para obter a liberdade, Gonzáles "ofereceu sua renúncia à cidadania americana diante do escritório consular americano (em Havana)", conforme afirmam documentos judiciais.

René é casado e tem duas filhas em Cuba. Ele foi detido em 1998, junto a Gerardo Hernández, Ramón Labaniño, Fernando González e Antonio Guerrero, quando o FBI chegou ao grupo, que atuava no sul da Flórida com objetivo de obter informações sobre atentados planejados por opositores ao regime de Fidel Castro.

Gerardo Hernández, considerado o líder do grupo, está condenado à prisão perpétua. "Os cinco heróis" admitiram que eram agentes de Cuba, mas que não espionavam Washington e sim grupos terroristas que conspiravam contra o regime comunista.

Os grupos os quais os agentes cubanos espionavam ficaram conhecidos por planejar sabotagens contra as plantações agrícolas cubanas e interferir nas comunicações do aeroporto de Havana. Nos anos 1990, passaram a centrar ações contra a indústria do turismo. As práticas incluíam de rajadas de metralhadoras contra turistas em praias cubanas a atentados a bomba em hotéis, segundo governo da ilha.

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O assunto é tema do livro "Os Últimos Soldados da Guerra Fria", do escritor brasileiro Fernando Morais, publicado em 2011 e vencedor do Prêmio Brasília de Literatura na categoria reportagem.