O conclave para a eleição do novo Papa, sucessor de Bento XVI, começará na próxima, terça-feira (12) de março, no Vaticano, com a participação dos 115 cardeais eleitores, segundo informou nesta sexta-feira (8) a Rádio Vaticano. O evento será aberto pela manhã, com a celebração da Santa Missa, presidida pelo Cardeal Decano, Ângelo Sodano.

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Durante o período da votação, os cardeais não manterão comunicação externa nem receberão qualquer tipo de informação midiática, e se alojarão na residência Santa Marta, onde dormirão em quartos sorteados para evitar desigualdades e privilégios, mas farão as refeições em conjunto. Eles terão linhas fixas de telefone circunscritas à residência, inclusive por uma questão de segurança caso necessitem de alguma emergência. Dois médicos estarão à disposição. Além da proteção e alimentos físicos, também está prevista a assistência espiritual, com sacerdotes disponíveis para atendê-los em Confissão, sacramento que implica o perdão dos pecados confessados, respeitando o sigilo absoluto, ao mesmo tempo que confere a graça divina na alma.

Depois da Santa Missa, os cardeais se dirigirão à Capela Sistina, cujo chão foi revestido para nivelar o pavimento e as janelas foram cobertas para evitar vistas externas. Antes de que a votação comece, a área inteira é inspecionada por especialistas em segurança para garantir que não há microfones ou câmeras escondidas. O sistema é designado para impedir que qualquer detalhe sobre a votação venha a público, durante ou depois do conclave, como o próprio nome indica: a origem latina da palavra é o que se fecha com chave. Quem quebrar o silêncio pode ser excomungado.

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Cada cardeal tem seu lugar predeterminado, por ordem de precedência. Dos 115 eleitores, 67 foram nomeados por Bento XVI, e 60 são europeus - 21 deles, italianos. Há também 19 latino-americanos, 14 americanos, 11 africanos, dez asiáticos e um cardeal da Oceania. Uma vez assentados, se prevê que invocarão ao Espírito Santo e farão o juramento de cumprir as normas do Conclave. Ato seguido, com o comando latino "extra omnes" (todos para fora) sairão do recinto as pessoas presentes que não votarão. Neste momento, todos que desejarem, podem propor seus candidatos.

A lei canônica prevê que qualquer pessoa batizada seja elegível ao cargo de papa, contanto que aceite ser ordenada Bispo de Roma. Mas, nos últimos 600 anos os pontífices têm sido sempre escolhidos entre os cardeais.

No primeiro dia do conclave, as rondas eleitorais são feitas à tarde, quando todos os cardeais terão em mãos um papel onde escreverão seu candidato, com letra legível. Ao escrever mais de um nome, seu voto será nulo. O papel do voto é retangular, e contém na metade superior as palavras "Eligio in Summum Pontificem" (eu elejo como sumo pontífice); na metade inferior está o espaço para o nome da pessoa escolhida pelo votante. Os cardeais são instruídos a escrever de forma a não serem identificados, e o papel é dobrado duas vezes. Com a votação concluída, os papéis são misturados, contados e abertos. Na contagem, um dos examinadores diz em voz alta os nomes dos cardeais que recebem votos. Cada papel é perfurado com uma agulha, que une-os em um único fio.

O candidato vencedor deve obter 2/3 dos votos, ou seja, 77 votos. Caso não se chegue a esta quantidade, poderão ser feitas até quatro rondas eleitorais, duas de manhã e duas à tarde. Se, após três dias, ninguém alcançar a maioria de dois terços determinada por Bento XVI, a votação é suspendida por no máximo um dia, para permitir uma pausa para oração, debates informais e o que é chamado de 'breve exortação espiritual' pelo cardeal sênior na Ordem dos Diáconos.

Depois de cada escrutínio queimam-se os votos, em dois tipos de fogareiros instalados especialmente para a votação, cuja chaminé da vista para a Praça de São Pedro. Se não sai o candidato vencedor, os votos serão queimados, junto a palha seca ou úmida com produtos químicos, de tal maneira que a fumaça sairá preta, indicando tradicionalmente ao povo que ainda não há Papa. Caso o Papa tenha sido eleito, queimarão os papéis em outro fogareiro, de tal forma que a fumaça sairá branca, anunciando o novo Papa.

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Quando um dos candidatos obtém a maioria necessária para se tornar papa, primeiramente ele ouve a pergunta: 'Aceita sua eleição canônica como Sumo Pontífice?' E, ao dar seu consentimento, deve responder a outra questão: 'Por qual nome deseja ser chamado?' Pois, o novo Papa tem liberdade para escolhê-lo. Uma vez definido o nome, os demais cardeais se aproximam do novo Pontífice em um ato de homenagem e obediência.

O Sumo Pontífice, já vestido a caráter -com a roupa feita pelo alfaiate com antecedência, em diversos tamanhos (pequeno, médio e grande), ainda que alguns ajustes de última hora possam ser necessários-, será apresentado pelo cardeal protodiácono, no balcão da basílica de São Pedro, com o tradicional anúncio: 'Annuntio vobis gaudium magnum... habemus papam!' (Anuncio-lhes com grande júbilo... temos um novo papa!). Seu nome é revelado, e o recém-eleito pontífice faz sua primeira aparição pública. Após um pronunciamento, o novo papa dá a tradicional bênção de Urbi et Orbi (a cidade e o mundo). A celebração da Santa Missa pelo novo Papa, em curto período, depois do Conclave, marca solenemente a inauguração oficial do novo pontificado.

No fim da eleição, é elaborado um documento com os resultados de cada sessão de votação, que é entregue ao novo papa e posteriormente arquivado em um envelope selado, que pode ser aberto apenas sob as suas ordens.