O alemão Joseph Ratzinger, papa Bento XVI, de 85 anos, assumiu o comando da Igreja Católica em 19 de abril de 2005, após a morte de João Paulo II, em um dos conclaves mais rápidos da história, com cerca de 22 horas de duração. Após quatro rodadas de votações, ele começou seu pontificado em 24 de abril de 2005.
Ratzinger nasceu em Marktl am Inn, diocese de Passau, na Alemanha, no dia 16 de abril de 1927 um Sábado Santo - e foi batizado no mesmo dia. Sua origem é humilde: seu pai era comissário de polícia e vinha de uma antiga família de agricultores da Baixa Baviera; sua mãe era filha de artesãos de Rimsting, no lago de Chiem, e antes de casar trabalhou como cozinheira em vários hotéis.Ratzinger passou a infância e adolescência em Traunstein, uma pequena localidade perto da fronteira com a Áustria, a trinta quilômetros de Salzburgo.
Segundo seu relato, a juventude não foi fácil, visto que teve que enfrentar o período de hostilidade do regime nazista contra a Igreja Católica. Ratzinger relatou que, certa vez, viu os nazistas açoitarem um pároco antes da celebração de uma missa. Nos últimos meses da Segunda Guerra Mundial, ele foi convocado para atuar nos serviços auxiliares antiaéreos.
Dedicação à igreja e à carreira de professor
A atuação religiosa de Bento XVI teve um marco quando da sua Ordenação Sacerdotal, o que ocorreu em 29 de junho de 1951. Um ano depois, ele começou a sua atividade de professor na Escola Superior de Freising.
Em 1953, ele obteve seu grau de Doutorado em teologia com a tese "Povo e Casa de Deus na doutrina da Igreja de Santo Agostinho". Quatro anos depois, conseguiu a habilitação para a docência com uma dissertação sobre "A teologia da história em São Boaventura".
Depois de desempenhar o cargo de professor de teologia dogmática e fundamental na Escola Superior de Filosofia e Teologia de Freising, continuou sendo professor em Bonn, de 1959 a 1963; em Münster, de 1963 a 1966; e em Tubinga, de 1966 a 1969.
A partir deste ano de 1969, passou a ser catedrático de dogmática e história do dogma na Universidade de Ratisbona, onde ocupou também o cargo de vice-reitor da universidade.
De 1962 a 1965, participou do Concílio Vaticano II como "perito".
Em 25 de março de 1977, o papa Paulo VI nomeou-o Arcebispo de Munique e Freising. A 28 de maio seguinte, recebeu a sagração episcopal, sendo o primeiro sacerdote diocesano, depois de oitenta anos, que assumiu o governo pastoral da arquidiocese bávara.
Ainda em 1977, no Consistório de 27 de junho, recebeu o título de Cardeal, sob o título do título presbiteral de "Santa Maria da Consolação no Tiburtino". Em 1978, participou no Conclave, celebrado de 25 a 26 de agosto, que elegeu João Paulo I, sendo nomeado por ele como enviado especial ao III Congresso Mariológico Internacional que teve lugar em Guayaquil, no Equador. No mês de outubro desse mesmo ano, participou também no conclave que elegeu João Paulo II.
Foi relator na V Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos realizada em 1980, que tinha como tema "Missão da família cristã no mundo contemporâneo", e presidente delegado da VI Assembleia Geral Ordinária, celebrada em 1983, sobre "A reconciliação e a penitência na missão da Igreja".
Ratzinger também foi nomeado, por João Paulo II, como prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé e presidente da Pontifícia Comissão Bíblica e da Comissão Teológica Internacional, em 25 de novembro de 1981. No dia 15 de fevereiro de 1982, renunciou ao governo pastoral da arquidiocese de Munique e Freising. João Paulo II o elevou à Ordem dos Bispos, atribuindo-lhe a sede suburbicária de Velletri-Segni, em 5 de abril de 1993.
Foi presidente da comissão encarregada da preparação do Catecismo da Igreja Católica, a qual, após seis anos de trabalho (1986-1992), apresentou ao Santo Padre o novo Catecismo.
A 6 de novembro de 1998, o Santo Padre aprovou a eleição do Cardeal Ratzinger para Vice-Decano do Colégio Cardinalício, realizada pelos Cardeais da Ordem dos Bispos. E, no dia 30 de novembro de 2002, aprovou a sua eleição para Decano; com este cargo, foi-lhe atribuída também a sede suburbicária de Óstia.
Em 1999, foi como enviado especial do Papa às celebrações pelo XII centenário da criação da diocese de Paderborn, Alemanha, que tiveram lugar em 3 de janeiro.
Desde 13 de novembro de 2000, é membro honorário da Academia Pontifícia das Ciências.
Na Cúria Romana, foi membro do Conselho da Secretaria de Estado para as Relações com os Estados; das congregações para as Igrejas Orientais, para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, para os Bispos, para a Evangelização dos Povos, para a Educação Católica, para o Clero, e para as Causas dos Santos; dos Conselhos Pontifícios para a Promoção da Unidade dos Cristãos, e para a Cultura; do Tribunal Supremo da Signatura Apostólica; e das Comissões Pontifícias para a América Latina, "Ecclesia Dei", para a Interpretação Autêntica do Código de Direito Canónico, e para a revisão do Código de Direito Canónico Oriental.
Entre as suas publicações, ocupam lugar de destaque o livro "Introdução ao Cristianismo", uma compilação de lições universitárias publicadas em 1968 sobre a profissão de fé apostólica, e o livro "Dogma e Revelação", de 1973, uma antologia de ensaios, homilias e meditações, dedicadas à pastoral.
Um dos seus discursos mais repercutidos foi perante a Academia Católica Bávara sobre o tema "Por que continuo ainda na Igreja?". Na ocasião, afirmou: "só na Igreja é possível ser cristão, não ao lado da Igreja".
Entre seus títulos "honoris causa" estão os concedidos pelo College of St. Thomas em St. Paul (Minnesota, Estados Unidos), em 1984; pela Universidade Católica de Eichstätt, em 1987; pela Universidade Católica de Lima, em 1986; pela Universidade Católica de Lublin, em 1988; pela Universidade de Navarra (Pamplona, Espanha), em 1998; pela Livre Universidade Maria Santíssima Assunta (LUMSA, Roma), em 1999; pela Faculdade de Teologia da Universidade de Wroclaw (Polônia) no ano 2000.
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