Em missa, cardeal decano faz um chamado pela unidade na Igreja

O decano do Colégio Cardinalício, Angelo Sodano, realizou nesta terça-feira (11) a missa "Pro eligendo Pontifice", prévia ao conclave que irá escolher o novo papa, na qual fez um apelo à unidade na Igreja e pediu a Deus "outro bom pastor", de "coração generoso", que promova sem cessar a justiça e a paz no mundo.

"Peço que se comportem de maneira digna, com toda humildade, mansidão e paciência, suportando-se reciprocamente com amor, tentando conservar a unidade do espírito através do vínculo da paz", disse Sodano, que lembrou a carta aos Efésios do apóstolo Paulo, "que começa com uma forte chamada a unidade eclesial".

Veja a movimentação na praça de São Pedro

Veja o mapa do Conclave com o caminho que os cardeais - e, mais tarde, o papa - terão de fazer

Diante dos 115 cardeais eleitores e octogenários, corpo diplomático e milhares de fiéis reunidos na Basílica de São Pedro, Sodano afirmou que Paulo reconhece que na unidade da Igreja existe uma diversidade de dons, mas que essa diversidade "está em função da edificação do único corpo de Cristo".

"São Paulo nos ensina que todos nós também temos que colaborar para edificar a unidade da Igreja, já que para realizá-la é necessária 'a colaboração de cada articulação'. Todos nós, pois, somos chamados a cooperar com o sucessor de Pedro, fundamento visível de tal unidade eclesial", refletiu.

Sodano, que não participará do conclave por ter 85 anos, expressou além disso a gratidão dos cardeais a Bento XVI e pediu a Deus que dê "outro bom pastor para sua santa Igreja".

"Queremos agradecer ao Pai que está nos céus a amorosa assistência que sempre reserva a sua santa Igreja e em particular pelo luminoso pontificado que nos concedeu com a vida e as obras do 265º sucessor de Pedro, o amado e venerado pontífice Bento XVI, a quem neste momento renovamos toda nossa gratidão", afirmou o cardeal em meio a um longo aplauso dos presentes.

"Ao mesmo tempo queremos implorar ao Senhor que através da solicitação pastoral dos cardeais queira em breve conceder outro bom pastor a sua Santa Igreja".

Sodano se referiu à missão do papa e disse que a "atitude fundamental de cada bom pastor é dar a vida por suas ovelhas e que isso vale sobretudo para o sucessor de Pedro, "já que quanto mais alto e mais universal é o ofício pastoral, maior tem que ser a caridade do pastor".

O cardeal decano pediu a Deus que dê a Igreja um novo papa "com um coração generoso" e disse que seguindo a linha dos últimos pontífices o sucessor de Bento XVI deve promover "sem cessar a justiça e a paz

Sodano se referiu também à importância da evangelização, que disse ser "a mais alta e integral promoção do ser humano". A missa votiva foi realizada em latim, embora as leituras tenham sido feitas em espanhol e inglês e as intenções em francês, suaíli, português, malaio e alemão.

A missa foi acompanhada por centenas de bispos e arcebispos, entre eles o prefeito regional da Casa Pontifícia, Georg Ganswein, que também é o secretário particular de Bento XVI.

Durante a cerimônia os fiéis pediram pelos cardeais eleitores, por todos os povos da terra, pelas necessidades da vida e pela família.

Após a missa, os cardeais se retiraram para a residência de Santa Marta, onde se alojarão durante os dias de conclave e em cujos quartos entraram nas primeiras horas desta terça-feira.

Às 16h15 local (12h15 de Brasília), os 115 cardeais se reunirão na capela Paulina e de lá, em procissão, irão para a capela Sistina, onde entrarão às 16h30 local (12h30 de Brasília) e se fecharão em conclave ("sob chave") para escolher o sucessor de Bento XVI. Hoje mesmo já haverá votação.

Os cardeais, que desde o último dia 4 de março se reuniram diariamente para preparar a assembleia, ocuparam hoje os quartos distribuídos por sorteio na residência Santa Marta, onde se alojarão durante o tempo que durar o conclave.

Não há um grande favorito para se tornar o sucessor de Bento XVI, embora todos os olhares estão postos em cardeais de igrejas dinâmicas e jovens, como a africana e a latino-americana.

Os nomes mais citados até o momento são do italiano Angelo Scola, de 71 anos, arcebispo de Milão; do brasileiro Pedro Odilo Scherer, de 63 anos, arcebispo de São Paulo; do canadense Marc Ouellet, de 69 anos, presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina, e do arcebispo de Boston, o capuchino Sean O'Malley.

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