O conclave começa na próxima terça-feira e os 115 cardeais reunidos no Vaticano, dentro da Capela Sistina, deverão escolher o próximo líder de 1,2 bilhão de fiéis no mundo inteiro. Parte dessa multidão é formada por religiosos de correntes ligadas à Igreja. São associações fundadas, muitas vezes, por leigos, das quais participam também sacerdotes, religiosos e bispos.
Em Roma, a Gazeta do Povo entrevistou representantes de algumas dessas correntes católicas para saber quais são as expectativas que têm em relação ao próximo sumo pontífice. O porta-voz do Movimento Apostólico de Schönstatt, padre Ludovico Tedeschi, diz simplesmente que está rezando pelo novo papa.
Mario Marazzitti, da comunidade de Santo Egídio, afirma que "o movimento espera um papa com grande poder de comunicação, que possa responder às necessidades contemporâneas". O grupo nasceu em Roma, em 1968, por iniciativa de Andrea Riccardi, então com 20 anos, que começou a reunir um grupo de estudantes colegiais para colocar em prática o evangelho, tendo como ponto de referência a primeira comunidade cristã dos Atos dos Apóstolos. O grupo dava aulas para os meninos pobres da periferia romana. Hoje, ele está em mais de 70 países em quatro continentes, reunindo mais de 50 mil fiéis.
A Renovação Carismática nasceu nos Estados Unidos, em meados da década de 60, com Steve Clark, na Universidade de Duquesne, em Pittsburgh, Pensilvânia. Hoje, é uma das comunidades mais populares no Brasil, com padre Marcelo Rossi. Salvatore Martinez, porta-voz da Renovação Carismática na Itália, diz que "o próximo papa terá o grande desafio levar a fé para a vida cotidiana das pessoas, como caminho de felicidade, com uma linguagem acessível ao povo". "Ele tem de fazer o mundo gostar da fé e voltar a sentir a alegria de viver perto de Cristo."
FéDesafio é responder a um mundo impregnado de individualismo
O porta-voz na Itália da Comunhão e Libertação, Roberto Fontolan, disse que o movimento espera um papa que, assim como seus antecessores, possa responder às necessidades de uma sociedade que está impregnada de individualismo.
"Ninguém nasce papa. E ninguém se faz papa sozinho. Dócil ao Espírito Santo, o papa necessita trabalhar em unidade com a Cúria Romana.
É difícil, mas a fé sempre nos traz surpresas", diz.
A Comunhão e Libertação, do cardeal Angelo Scola, é um movimento católico cujo objetivo é a educação cristã dos seus integrantes e a prática da missão da Igreja em todos os âmbitos da sociedade, nasceu na Itália, em 1954, quando o padre Luigi Giussani deu início, no Colégio Estadual Liceu Berchet de Milão, a uma iniciativa de presença cristã chamada Juventude Estudantil. Está presente em 70 países em todos os continentes e tem cerca de 100 mil membros. (IM)
Pontífice precisa de carisma e ortodoxia
O porta-voz dos Focolares na Itália, Michele Zanzucchi, disse que "o próximo papa tem um grande desafio de elaborar uma síntese entre João Paulo II e Bento XVI em seu magistério, preservando o carisma do primeiro e a ortodoxia do segundo". O movimento que nasceu em Trento, na Itália, foi fundado em 1943, por Chiara Lubich, uma estudante de Filosofia. Ele tem como foco a promoção da fraternidade e da unidade, com forte vocação ao ecumenismo.
Zanzucchi disse que "o aniversário da morte de Chiara (1920-2008), 14 de março, coincide com o período do conclave e evidentemente será uma ocasião de reforços nas orações pelo novo papa". Entre os eventos previstos para a celebração da data está o lançamento de um livro inspirado na fundadora que trata da Igreja, da experiência dos últimos papas.