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Bons exemplos

Francisco demonstra simplicidade logo após ser escolhido pontífice

O papa Francisco tem dado exemplo da pobreza como virtude e não como desgraça. Anteontem, saiu ao balcão da Basílica de São Pedro para apresentar-se como papa de batina branca, com a cruz peitoral simples, de seus tempos de arcebispo. Colocou a estola apenas para dar a bênção. Logo, dispensou a limusine e voltou para a Casa de Santa Marta (o alojamento dos eleitores durante o conclave) de ônibus, junto com os demais cardeais, e repetiu a dose ontem, quando foi celebrar a missa de encerramento do conclave na Capela Sistina.

Francisco também fez questão de pagar a conta da casa onde ficou hospedado até o conclave, demonstrando honrar seus compromissos. E, segundo a Agência de Informações Católica da Argentina (Aica), o papa pediu aos argentinos, por meio do núncio apostólico, monsenhor Emil Paul Tscherring, que, em vez de ir a Roma para o início do seu pontificado, na próxima terça-feira, doem o dinheiro que gastariam na viagem para a caridade para com os mais necessitados.

As primeiras horas do pontificado do papa Francisco parecem indicar coerência com seu nome e o lema episcopal do jesuíta Jorge Mario Bergoglio: miserando atque eligendo, frase latina do Evangelho de São Mateus que descreve a postura de Jesus para com um publicano (considerado um pecador público): Cristo "o olhou com misericórdia e o elegeu", como destaca o teólogo italiano Giulio Maspero. Essa passagem evangélica trata da vocação do próprio São Mateus, o coletor de impostos que deixou poder e riqueza para seguir a Cristo.

Para o vaticanista Marco Tosatti, o papa Francisco, já pelo nome, mostrou a que veio. "Manisfesta grande preocupação pelos pobres. É um jesuíta e, como tal, possui uma profunda formação religiosa, ligada ao Comunhão e Libertação, um grupo de elevado nível doutrinal. Ao mesmo tempo é um democrata, por mais que alguns críticos o estejam identificando com a ditadura argentina", destaca.

Tosatti acredita que Francisco dará continuidade às linhas básicas do papado de Bento XVI. "Acho que ele promoverá o crescimento e a expansão da Igreja, sem desprezar as questões internas, como a reforma da Cúria ou a solução dos escândalos. Mas parece suficientemente forte para não se absorver só nisso", comentou.

Para o argentino Juan José Sanguineti, professor da Pontifícia Universidade da Santa Cruz, o papa Francisco está centrado na nova evangelização. "A Igreja não existe para si mesma. Nesse sentido, espera-se que possa superar as crises internas, com uma reforma da Cúria Romana que simplifique os processos e faça uma Igreja mais ágil, de acordo com as necessidades do homem contemporâneo", conclui.

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