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Novo pontificado

Influência dos jesuítas é onipresente

A organização social, econômica, política e cultural implantada por padres jesuítas e índios guaranis entre os anos de 1610 e 1750, na região entre o Sul do Brasil e o Nordeste do Paraguai e da Argentina, deixou legados permanentes, da educação aos negócios.

Embora não exista um consenso sobre o impacto da Companhia de Jesus – muitos historiadores e antropólogos acusam os jesuítas de impor costumes ocidentais aos guaranis –, não há como negar a influência dela no processo de colonização e formação da Amé­­rica Latina. O arquiteto Lucio Costa (1902-1998), que elaborou o plano diretor de Brasília, era fã da arquitetura missioneira. Ele defendia que as obras das missões constituem verdadeiramente a "antiguidade brasileira". No artigo A Arquitetura dos Jesuítas no Brasil, de 1941, Costa afirma que, enquanto na Europa a Companhia de Jesus se associava à exuberância das construções barrocas, aqui suas intervenções eram marcadas por uma profunda sobriedade, não obstante deixando entrever um "sabor popular", que desfigurava desde sempre os padrões eruditos, configurando-se como experiências legítimas de recriações.

Segundo o arquiteto e pesquisador Luiz Antônio Bol­­cato Custódio, doutor pela Universidade Pablo de Ola­vide, Sevilha, na Espanha, e que há 30 anos pesquisa o tema, os jesuítas estabeleceram uma metodologia de evangelização em quase todos os continentes, com uma espécie de mimetismo entre a doutrina católica com as culturas locais, o que facilitava o trabalho de evangelização. O modelo foi um sucesso. Em 1736, em 30 povoamentos do Cone Sul seriam mais de 102 mil indivíduos.

Paisagem

A influência jesuítica está presente até mesmo na paisagem brasileira. "Você imagina o Nordeste sem coqueiros? Foram os jesuítas que trouxeram a planta para o Brasil. Eles tiveram um papel fundamental na educação, fundaram escolas, universidades, igrejas, eram ótimos professores e formaram lideranças por onde passavam", conta Custódio.

Até o Mercosul, bloco econômico criado em 1994 por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, sofreu influência dos jesuítas. "A produção de gado e a indústria da erva-mate, base econômica do Mercosul, foi implantada e trazida para região pelos padres", afirma.

De acordo com o superintendente do Instituto do Patri­­mônio Histórico e Artístico Nacional no Pa­­raná, José la Pastina Filho, as primeiras reduções jesuíticas foram criadas no Paraná. Os conquistadores espanhóis do Rio da Prata, na tentativa de consolidar uma rota terrestre entre Assunção, no Paraguai, e o porto de São Francisco, em Santa Catarina, fundaram quatro vilas na antiga Província do Guairá, ao longo do Caminho do Peabiru. A partir dessas vilas, entre 1610 e 1632, padres jesuítas implantaram 13 reduções no Paraná. Apenas dois sítios arqueológicos são conhecidos: San Ignácio Mini (atual município de Santo Inácio) e Nossa Senhora do Loreto (atual município de Itaguagé). O restante foi destruído pela ação do tempo e dos bandeirantes.

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