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Habemus Papam

Irmão de dom Odilo fica surpreso

Dezenas de jornalistas se aglomeraram desde as primeiras horas de ontem na casa do professor Flávio Ven­­delino Scherer, em Toledo, para acompanhar junto com a família do cardeal brasileiro dom Odilo Scherer a escolha do novo papa. Apesar de procurar não demonstrar ansiedade, Flávio não conseguiu esconder o nervosismo nos minutos que antecederam a escolha.

No momento em que começou a sair a fumaça branca da Capela Sistina, Flávio levou as mãos na cabeça e afirmou: "Não foi o dom Odilo". Enquanto aguardava o anúncio do nome do papa, ele dizia acreditar que o escolhido seria um europeu. Após o resultado, disse estar surpreso, mas ao mesmo tempo feliz pelo fato do novo líder da Igreja Católica ser latino-americano.

De acordo com o professor, em duas reuniões de família foi colocado em pauta que ninguém alimentaria expectativa sobre a possibilidade do cardeal brasileiro se tornar o novo papa.

Flávio Scherer salienta ainda que o desejo de dom Odilo sempre foi estar perto do povo e que caso se tornasse papa esses contatos ficariam blindados. Questionado se ele acreditava que seu irmão pudesse estar aliviado por não ter sido escolhido, o professor disse que o alívio é para a família. "Quem se sente aliviado somos nós porque teremos ele mais próximo", afirmou.

Para o padre Inácio Scherer, pároco de Toledo e primo de dom Odilo, a vitalidade da Igreja na América Latina foi considerada na escolha do novo papa. "A grande vitória da Igreja é procurar ter saído daquela tradição milenar de ficar só no eixo da Europa e do Oriente Médio. Veio para a América Latina, que coisa extraordinária. Veio para um país com características semelhantes ao Brasil", observou.

A escolha de um papa argentino surpreendeu a família de dom Odilo. De acordo com o professor Flávio, na terça-feira ele concedeu uma entrevista ao jornal argentino Clarín e o repórter disse estar torcendo pelo Brasil. "Ele brincou que no futebol não tem acordo, a Argentina é melhor, mas que na escolha do papa estava torcendo pelo Brasil", contou.

Em Curitiba, religiosos destacam sinais de renovação

Jônatas Dias Lima

Em Curitiba, lideranças católicas receberam a eleição do cardeal Jorge Mario Bergoglio com surpresa, e enfatizaram o que consideram ser os sinais positivos dados pelo agora papa Francisco.

O padre Clodovis Boff, teólogo da Pontifícia Uni­­versidade Católica do Paraná, disse que a escolha do cardeal argentino surpreendeu, mas a chegada de um pontífice latino-americano já era esperada devido à relevância que a Igreja Católica no continente vem ganhando. "O catolicismo dinâmico que temos aqui é invejado por muitos lugares no mundo. É claro que isso pesou na escolha", diz.

Boff conta que conheceu o novo papa há alguns anos, em Buenos Aires, e disse tratar-se de um homem seguro, de forte liderança. "É um jesuíta, um homem feito para comandar", destaca. A escolha do nome Francisco é um sinal de renovação "no estilo, mas não na substância". Boff explica que o desafio de qualquer papa que assumisse não seria mudar a fé ou a moral da Igreja, mas sim propor uma nova forma de anunciar o evangelho.

A notícia do primeiro pontífice jesuíta da história foi recebida com alegria pelo padre Vicente Zorzo, provincial da Companhia de Jesus no sul do Brasil. Ele acrescenta que o nome do papa pode fazer referência a outro santo, além do famoso Francisco de Assis, já que São Francisco Xavier foi um dos fundadores da ordem dos jesuítas. "Esse nome remete a uma vida simples e abnegada, o que parece ser o perfil do papa eleito".

O fato de a Igreja contar com o primeiro papa latino-americano comoveu o reitor do Seminário Propedêutico São João Maria Vianney, padre Maurício dos Anjos, e embora ainda saiba pouco sobre Francisco, conta que ele deixou uma primeira impressão bastante positiva. "Ele parece preocupado em estar próximo do povo, como um bom pastor".

Segundo o arcebispo de Curitiba, dom Moacyr José Vitti, a origem do novo pontífice deve dar ainda mais visibilidade à Jornada Mundial da Juventude, que ocorre em julho, no Rio de Janeiro. "Se os jovens já viriam em peso pelo fato de o papa vir, sua origem latino-americana deve trazer ainda mais jovens, em especial dos países vizinhos", disse.

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