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Repercussão

Fiéis lotam santuário do Perpétuo Socorro e oram pelo novo papa

Em Curitiba quase 2 mil fiéis lotaram o santuário Perpétuo Socorro para assistir em um telão ao momento exato em que o novo papa foi escolhido. A professora Isabela Vereci, por exemplo, vai à missa todos os dias e até trabalha como voluntária na igreja, mas ontem a prece foi especial: ela pediu para que o novo papa ajude a Igreja a se unir. "Ele é uma pessoa muito carismática, humilde, escolheu até o nome de Francisco em homenagem a São Francisco de Assis. Eu acredito que Jorge vai ser um papa dos pobres. E o fato de ele ser da América Latina faz com que ele tenha outro olhar sobre os problemas da região. Mas como papa, penso que ele vai olhar todos de maneira igual. Não faz mal que tenha sido um argentino. Ele está bem pertinho de nós."

Quem estava na torcida pelo brasileiro dom Odilo Scherer lamentou. "Eles já têm o melhor jogador do mundo, agora o papa também, acho que isso aumenta a rivalidade com os brasileiros. Mas pelo menos é um latino", disse a enfermeira Vanessa Cassarotti.

Apesar da decepção, todos rezaram em nome do novo papa e desejaram o melhor para os católicos de todo o mundo. "Estava torcendo pelo brasileiro, é claro, mas acho que na verdade ajuda a unir os brasileiros e argentinos. Afinal de contas, a igreja é uma só", afirmou o autônomo Luiz Blonkoswki.

Dezenas de jornalistas se aglomeraram desde as primeiras horas de ontem na casa do professor Flávio Ven­­delino Scherer, em Toledo, para acompanhar junto com a família do cardeal brasileiro dom Odilo Scherer a escolha do novo papa. Apesar de procurar não demonstrar ansiedade, Flávio não conseguiu esconder o nervosismo nos minutos que antecederam a escolha.

No momento em que começou a sair a fumaça branca da Capela Sistina, Flávio levou as mãos na cabeça e afirmou: "Não foi o dom Odilo". Enquanto aguardava o anúncio do nome do papa, ele dizia acreditar que o escolhido seria um europeu. Após o resultado, disse estar surpreso, mas ao mesmo tempo feliz pelo fato do novo líder da Igreja Católica ser latino-americano.

De acordo com o professor, em duas reuniões de família foi colocado em pauta que ninguém alimentaria expectativa sobre a possibilidade do cardeal brasileiro se tornar o novo papa.

Flávio Scherer salienta ainda que o desejo de dom Odilo sempre foi estar perto do povo e que caso se tornasse papa esses contatos ficariam blindados. Questionado se ele acreditava que seu irmão pudesse estar aliviado por não ter sido escolhido, o professor disse que o alívio é para a família. "Quem se sente aliviado somos nós porque teremos ele mais próximo", afirmou.

Para o padre Inácio Scherer, pároco de Toledo e primo de dom Odilo, a vitalidade da Igreja na América Latina foi considerada na escolha do novo papa. "A grande vitória da Igreja é procurar ter saído daquela tradição milenar de ficar só no eixo da Europa e do Oriente Médio. Veio para a América Latina, que coisa extraordinária. Veio para um país com características semelhantes ao Brasil", observou.

A escolha de um papa argentino surpreendeu a família de dom Odilo. De acordo com o professor Flávio, na terça-feira ele concedeu uma entrevista ao jornal argentino Clarín e o repórter disse estar torcendo pelo Brasil. "Ele brincou que no futebol não tem acordo, a Argentina é melhor, mas que na escolha do papa estava torcendo pelo Brasil", contou.

Em Curitiba, religiosos destacam sinais de renovação

Jônatas Dias Lima

Em Curitiba, lideranças católicas receberam a eleição do cardeal Jorge Mario Bergoglio com surpresa, e enfatizaram o que consideram ser os sinais positivos dados pelo agora papa Francisco.

O padre Clodovis Boff, teólogo da Pontifícia Uni­­versidade Católica do Paraná, disse que a escolha do cardeal argentino surpreendeu, mas a chegada de um pontífice latino-americano já era esperada devido à relevância que a Igreja Católica no continente vem ganhando. "O catolicismo dinâmico que temos aqui é invejado por muitos lugares no mundo. É claro que isso pesou na escolha", diz.

Boff conta que conheceu o novo papa há alguns anos, em Buenos Aires, e disse tratar-se de um homem seguro, de forte liderança. "É um jesuíta, um homem feito para comandar", destaca. A escolha do nome Francisco é um sinal de renovação "no estilo, mas não na substância". Boff explica que o desafio de qualquer papa que assumisse não seria mudar a fé ou a moral da Igreja, mas sim propor uma nova forma de anunciar o evangelho.

A notícia do primeiro pontífice jesuíta da história foi recebida com alegria pelo padre Vicente Zorzo, provincial da Companhia de Jesus no sul do Brasil. Ele acrescenta que o nome do papa pode fazer referência a outro santo, além do famoso Francisco de Assis, já que São Francisco Xavier foi um dos fundadores da ordem dos jesuítas. "Esse nome remete a uma vida simples e abnegada, o que parece ser o perfil do papa eleito".

O fato de a Igreja contar com o primeiro papa latino-americano comoveu o reitor do Seminário Propedêutico São João Maria Vianney, padre Maurício dos Anjos, e embora ainda saiba pouco sobre Francisco, conta que ele deixou uma primeira impressão bastante positiva. "Ele parece preocupado em estar próximo do povo, como um bom pastor".

Segundo o arcebispo de Curitiba, dom Moacyr José Vitti, a origem do novo pontífice deve dar ainda mais visibilidade à Jornada Mundial da Juventude, que ocorre em julho, no Rio de Janeiro. "Se os jovens já viriam em peso pelo fato de o papa vir, sua origem latino-americana deve trazer ainda mais jovens, em especial dos países vizinhos", disse.

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