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Habemus Papam

Na internet, o papa é pop

Se na época em que o argentino Jorge Bergoglio ainda cursava o seminário no bairro Villa Devoto, em Buenos Aires, as discussões sobre o assunto do dia aconteciam na praça ou na fila do pão, hoje a história é outra. Assim que Jorge virou Francisco, no início da tarde de ontem, uma chuva massacrante de tweets e postagens no Facebook davam conta de repercutir a notícia, confirmando o que disse o antropólogo francês Olivier Mongin à Gazeta do Povo na semana passada: a conexão é o novo espaço público.

Nestes casos, há uma tendência natural em transformar tudo em piada. Mais ainda quando um papável brasileiro perde para um hermano. Enquanto na Argentina os assuntos mais comentados no Twitter eram #Bergoglio, #PrimeirasPalabrasDelPapa e #OrgulloArgentino, no Brasil liam-se frases como "Francisco negou que substituirá hóstias por alfajores", "primeira exigência do Papa argentino: trocar o lendário habemus papam para habemus Deum", e "vaticanistas e Guido Mantega sempre com previsões certeiras", mensagem que brincava com a surpresa por causa da eleição de um papa portenho, o primeiro sul-americano em toda a história da Igreja Católica.

Em meio ao furacão e à fumaça branca, até a conta oficial do papa no Twitter foi reativada. Minutos depois de a chaminé indicar que o conclave havia acabado, o Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais (@PCCS_VA) levou a mensagem lendária HABEMUS PAPAM (em letras grandes mesmo) para o mundo virtual, usando, na sequência, os símbolos o/ o/ o/ o/ o/, que significam braços erguidos em sinal de comemoração. Até um papa falso surgiu no Twitter, e "trolou", como se diz, muita gente.

No Facebook, os tópicos mais comentados também envolveram a escolha do novo pontífice. De acordo com informações da rede social, em primeiro lugar ficou a palavra "papa", seguida de "Jorge Bergoglio". "Vaticano", "fumaça branca", "cardeal", "católico", "decisão" e "papal" não ficaram por menos. As menções à palavra "papa" cresceram, na tarde de ontem, 10.400%. A expressão "fumaça branca", mais de 20.000%.

Mas o que sobe rápido cai rápido. Já pelas 19 horas, assuntos mais mundanos, como a rodada da Champions League, a confirmação de um trompetista no novo disco do Megadeth e o caso do "homem mais odiado da internet", que terá de pagar U$ 250 mil por difamação, dominavam novamente a timeline, com uma ou outra piada "faísca atrasada" surgindo, do tipo: "papa anterior: Bento. Papa novo: Chico. E aí, Maurício de Souza?"

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