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O cardeal dom Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo e um dos cinco brasileiros a participar do conclave que elegerá o novo papa, disse nesta quarta-feira que o novo pontífice terá de enfrentar os desafios da "pós-modernidade", citando uma cultura "sem valores sólidos e do subjetivismo total".

O arcebispo de São Paulo destacou que a origem do novo papa não é fundamental. A vaga deixada pelo papa Bento 16 poderá ser ocupada por todos os cardeais que participarão do conclave, marcado para a segunda metade de março.

"A reflexão mais importante que se fará no conclave não é se o papa vem de um lugar, ou de outro lugar, tem essa origem, ou outra origem, mas se ele está realmente em condições, se ele é a pessoa mais adequada para conduzir a Igreja neste momento da sua história", afirmou ele em entrevista coletiva.

Para dom Odilo, de 63 anos, os principais desafios do novo papa são as consequências do que ele chamou de "pós-modernidade".

"O desafio da modernidade eu acho que já foi. Agora é o desafio da pós-modernidade, da nova cultura, que é uma cultura que se define como cultura líquida, sem valores referenciais sólidos, consistentes, a cultura do subjetivismo total, e que leva a um relativismo total também, de todos os valores referenciais, inclusive os religiosos", disse.

"Acho que a questão que temos agora a enfrentar é o conjunto de consequências de uma cultura assim que se expande de uma maneira muito rápida... Isso, naturalmente, é o desafio grande do momento."

Mas ele ressaltou que o papa não faz o trabalho sozinho e que esse desafio terá de ser enfrentado pelo conjunto da Igreja.

"O papa vai ajudar, o papa vai estimular, se estiver atento e consciente de todos esses fatores que hoje estão influenciando a vida do homem neste mundo, a sociedade, a cultura, a economia, a educação, a justiça, a política, a religião", declarou.

Questionado se há chance de um brasileiro ser eleito papa, ele respondeu: "os outros é que vão dizer".

O conclave que escolherá o sucessor de Bento 16, que anunciou sua renúncia de maneira surpreendente na segunda-feira, terá a participação de cinco cardeais brasileiros com direito a voto e que podem ser eleitos pontífices.

Além de dom Odilo, os outros brasileiros no conclave são o arcebispo emérito de São Paulo, dom Claudio Hummes, que terá 78 anos quando começar o processo de escolha, e o atual presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Raymundo Damasceno, que completará 76 anos em 15 de fevereiro e é arcebispo de Aparecida.

Também participam o prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, no Vaticano, dom João Braz de Aviz, de 65 anos; e o arcebispo de Salvador e ex-presidente da CNBB, dom Geraldo Majella Agnelo, que completará 80 anos em outubro.

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