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A paz política reinou na Alemanha nas últimas 48 horas do pontificado de Bento XVI. A oposição verde e os sociais-democratas decidiram hastear a bandeira branca e abster-se de qualquer "ação parlamentar hostil" durante os dois dias de despedida do Papa, nesta terça (26) e quarta-feira (27), uma vez que que seus inimigos políticos - os democratas cristãos, de Angela Merkel, e os social-cristãos - viajaram a Roma para assistir a última audiência geral do Pontífice alemão.

Nesta quinta-feira (28), a Conferência Episcopal alemã convocou uma missa de ação de graças para o pontificado de Bento XVI, na Catedral de Santa Edwiges, em Berlim, que deve coincidir com a votação de uma nova e controversa discussão para aprovar uma legislação para privatizar os serviços de água. O que fez com que Thomas Oppermann, da oposicão verde, afirmasse que "vai respeitar a paz religiosa durante estes dois dias e se abster de qualquer ação hostil parlamentar".

O Partido Social Democrata por sua vez, divulgou publicamente uma mensagem de "agradecimento a Bento XVI por sua contribuição para a paz e a humanidade neste século" e "por ter construído pontes entre laicidade e o mundo cristão".

Os parlamentares não foram os únicos que se dirigiram ao Vaticano para a última audiência pública de Bento XVI. Depois do anúncio da renúncia, milhares de alemães, sobretudo da católica Baviera, embarcaram em dezenas de ônibus de peregrinos para ver de perto o adeus do Pontífice.

O governador Horst Seehofer e boa parte de seu gabinete viajaram até Roma para se despedir pessoalmente do Papa, antes que ele se mude para o Castelo Gandolfo.

"Baviera e toda a Alemanha estão imensamente agradecidas por este pontificado. E também muito tristes", disse Seehofer ao Papa durante a audiência. A resposta do Pontífice foi um grande sorriso.

De Traunstein, a cidade onde Ratzinger viveu a sua infância, foi enviada uma orquestra de música folclórica, com 30 instrumentistas.

Bento XVI não deverá deixar uma lembrança ruim entre a maioria de seus compatriotas. Seu maior crítico, o teólogo Hans Küng, punido nos anos 70 pelo seu antigo colega Ratzinger com a suspensão de licença para lecionar Teologia por ter questionado a infalibilidade do Papa, não guarda mágoas. "Fiquei entusiasmado por ele ter tido a coragem de tomar esse passo, renunciar, ao contrário do seu antecessor, que padeceu diante das câmeras de TV".

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