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Embora a imprensa internacional tenha dificuldades em compreender o que se passa no Vaticano e busque explicar um conclave com base na ótica da política secular, a renúncia do agora papa emérito Bento XVI e a eleição do papa Francisco mostrou uma Igreja que, além do serviço religioso, tem um papel muito importante na linha da ética internacional e na linha do anúncio de uma sociedade justa e solidária. Habemus papam ressoou pela face do planeta Terra como uma mensagem de esperança e alegria.

Logo após a renúncia de Bento XVI, muitos escreveram tolices afirmando que havia conspiração e lobby no Vaticano, e que a Igreja Católica caminhava para a extinção. Em seguida vieram reflexões profundas na imprensa internacional, mostrando que a Igreja carrega consigo um peso moral muito grande e que, embora não seja feita de anjos, mas de pessoas humanas, ela tem suas virtudes e pecados e é conduzida pelo Espírito Santo por 2 mil anos.

O Concílio Vaticano II ensinou que "a Igreja é indefectível e santa" (LG 39), pois a mesma é obra do divino amor de Deus para anunciar o Reino de esperança e fraternidade. No entanto, essa Igreja, que é santa, é feita de pessoas que são santas, mas também pecadoras. Por isso, ninguém deve se sentir escandalizado pelas faltas das pessoas que compõem e até falam em nome da mesma. Embora sejam pessoas humanas que estão ali, conta-se com a graça do Espírito Santo, pois a lógica do Espírito vai além da política do mundo, onde a pessoa é eleita para servir o outro.

O papa Francisco, até então arcebispo de Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio, traz consigo um grande amor pela Igreja e também uma defesa radical dos mais pobres, e tem desafiado publicamente, na Argentina, as políticas que favorecem o mercado liberal em detrimento aos mais pobres. Talvez por esse amor à Igreja, aos mais pobres e aos vulneráveis, é que o novo papa assumiu o nome de Francisco.

Nesse sentido, com a eleição do papa Francisco, a Igreja, sendo humana e divina, tende a caminhar ainda mais para a atualização e a modernização de sua prática evangelizadora no mundo. Com a eleição do papa Francisco, a Igreja mostra um verdadeiro desejo de ser fiel ao Espírito Santo e modernizar não sua doutrina, mas sua prática pastoral para melhor evangelizar.

*Padre Joaquim Parron, provincial dos Missionários Redentoristas, doutor em ética social pela Catholic University of America (Washington, EUA) e coordenador da pós-graduação em Ética e Educação da Facsul

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