Vêm crescendo os rumores de que os Estados Unidos estariam preparando uma ação militar contra o Irã, mas os especialistas duvidam se, depois do fracasso no Iraque, a opinião pública e até os "falcões" do governo do presidente George W. Bush estariam dispostos a isso.
O Irã anunciou na terça-feira que está produzindo combustível nuclear, mas o Pentágono, o Departamento de Estado e a Casa Branca salientaram que a diplomacia ainda é a principal opção.
- Os Estados Unidos da América estão nos trilhos diplomáticos. Essa é a decisão do presidente. É aí que estão os nossos aliados europeus - disse o secretário da Defesa, Donald Rumsfeld.
No fim de semana, a imprensa dos EUA disse que o governo estava considerando seriamente uma ação militar contra o Irã, inclusive com o uso de armas nucleares táticas. O presidente George W. Bush disse que essas reportagens são fruto de "especulação selvagem".
Especialistas militares e em política externa consideram muito improvável que os EUA realizem uma ação militar em breve, pois há grande resistência da opinião pública, num momento em que o país ainda mantém mais de 130.000 soldados no Iraque. Pesa também o fato de em novembro haver eleições parlamentares nos EUA.
Isso tudo não significa, entretanto, que o governo Bush não tenha planos para algo tão radical.
O analista de defesa Loren Thompson, do Instituto Lexington, disse que os EUA começaram a planejar um ataque ao Irã há mais de duas décadas, o que não significa que esses planos estejam em vigor.
- Não temos pressa de bombardear o Irã - disse Thompson. - O fato de que tenhamos planos de bombardeio na estante não é novidade, porque estamos gerando esses planos há um quarto de século. É isso que os planejadores fazem.
Sem mencionar especificamente o Irã, o general Peter Pace, chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, disse que os EUA têm "suficiente pessoal, armas, equipamentos, como quiser chamar, para lidar com qualquer adversário que possa surgir".
Mesmo analistas mais "belicosos" duvidam que a opção militar esteja no alto da lista de Bush. Mas o planejamento de tal ataque pode ganhar impulso se o Irã aumentar a sua capacidade bélica.
- As pessoas querem atacar o Irã? Não. O custo seria elevado? Sim. Mas também há a sensação de que o custo seria ainda mais elevado ao permitir que o Irã tenha um programa nuclear - disse Michael Rubin, da entidade conservadora Instituto da Empresa Americana, cujos especialistas ajudaram a planejar a guerra do Iraque.
Rubin disse que o Irã está "perigosamente superconfiante" se pensa que os EUA não vão reagir a tais ameaças.
- Os EUA podem não querer reagir, mas não irão sacrificar aquilo em que acreditam ser da segurança nacional. Certamente não arriscará (permitir) uma República Islâmica com armas nucleares - afirmou Rubin.
Joseph Cirincione, do Fundo Carnegie para a Paz Internacional, disse esperar que as ameaças do Irã convençam o governo Bush de que é hora de negociar com o país, o que até agora a Casa Branca rejeita.
Ele disse que a atual posição "linha-dura" dos EUA só serviu para isolar o Irã, e ele teme que o governo veja a opção militar como a única solução.
Jon Alterman, do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, de Washington, disse que um dos maiores erros do governo Bush foi entrar em guerra contra o Iraque, em 2003, pensando que qualquer coisa seria melhor que o status quo.
Se atacar o Irã com esse espírito, disse ele, a empreitada pode fracassar. Ele afirmou também que a opinião de Israel será essencial em qualquer decisão que os EUA tomem.
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