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A resposta militar francesa contra o Estado Islâmico (EI) após os atentados em Paris e os ataques russos contra rebeldes e radicais do grupo terrorista na Síria estão ainda longe de levar o mundo a um conflito global. Porém, embora seja improvável, não é impossível surgir um conflito de proporções globais. Para isso, seria preciso haver a conjunção de uma série de fatores, que vão muito além da investida contra o EI. E, em princípio, no caso de um combate dessa magnitude, não seria nada parecido com a 1.ª e com a 2.ª Guerra Mundial. A análise foi feita por três especialistas em relações internacionais ouvidos pela Gazeta do Povo.

Uma semana após ataques, temor de novos atentados domina a Europa

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Os especialistas veem sinais de que o mundo caminha lentamente para um colapso que levaria, em tese, a um estado de guerra mundial. Para tanto, porém, seria necessário um crescimento sistemático e quase simultâneo da crise global, com agravamento na questão do Oriente Médio, envolvimento da Ásia (com Coreia do Norte, China e Índia envolvidas), aumento do terror na África, piora das relações entre russos e europeus (deflagrada pela questão da Ucrânia), piora na crise econômica e humanitária da União Europeia e a consolidação do enfraquecimento dos Estados Unidos como ente estabilizador planetário.

Investida terrestre

Essa é a análise do professor Heni Ozi Cukier, da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). “Hoje o ataque ao Isis [sigla em inglês para Estado Islâmico] é menor que o que aconteceu ao Afeganistão [após o 11 de setembro de 2001], onde os EUA tomaram a frente e houve uma longa investida terrestre. Uma 3.ª Guerra Mundial precisaria de que todos os conflitos [que acontecem hoje] reverberassem entre si”, afirmou. Para ele, seria necessária ainda uma conjunção mundial de fatores que não são tão improváveis.

Além disso, para Cukier, os diferentes interesses entre Rússia, França e EUA na Síria, como a permanência de Bashar Al Assad no poder ou sua deposição, são fatores preponderantes para traçar um paralelo sobre o futuro do conflito. “[Para a investida na região crescer] não basta um inimigo comum; tem que ter uma unidade de propósito”, explicou.

Questão religiosa

Eduardo Saldanha, professor de Relações Internacionais da FAE, analisa que a questão religiosa pode sim ser um fator que leve o mundo a um conflito dessas proporções, mas atualmente não há nada perto dessa hipótese. De acordo com ele, seria o fim das Nações Unidas– que foi criada após a 2.ª Guerra Mundial justamente para evitar que os conflitos existentes não cheguem àquelas proporções. “O Isis não é um Estado reconhecido; é um ente beligerante. [A partir dessas respostas aos atentados], não seria possível uma guerra mundial”, diz Saldanha.

Para Denilde Holzhacker, do Núcleo de Pesquisas em Relações Internacionais da ESPM, é difícil encarar o começo de uma guerra mundial atualmente como um fato impossível. Mas ela lembra que as ações dos países contra o Estado Islâmico têm indicado ações coordenadas, como ficou estabelecido na reunião do G20,nesta semana, na Turquia. “As naturezas dos conflitos de hoje são diferentes. É também imprevisível o grau de instabilidade. Até agora os estados não sabem direito como responder [ao grupo terrorista]”, ressalta Denilde.

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