Esponjas carnívoras, 585 novas espécies de crustáceos e centenas de novos invertebrados foram descobertos nas águas escuras em torno da Antártida, o que sugere que essas profundezas podem ter sido a origem de boa parte da vida marinha, disseram pesquisadores europeus na quarta-feira.
A equipe, que coletou amostras a até 6.348 metros de profundidade, encontrou uma diversidade inesperada de vida animal. Muitos animais pertencem a espécies presentes no mundo todo, inclusive no Ártico, e outras parecem ser exclusivas das mais profundas águas antárticas, afirmaram os pesquisadores na revista Nature.
As espécies exclusivas do local tendem a ser do tipo que não se dissemina com facilidade, o que indica que os oceanos profundos e gelados do sul do planeta podem ter sido a fonte de muitos tipos de vida marinha, concluíram os cientistas.
"O mar profundo da Antártida tem o potencial de ter sido o berço da vida das espécies marinhas globais. Os resultados de nossa pesquisa põem em dúvida as sugestões de que a diversidade dos mares profundos no Oceano Sul seja pequena", disse Angelika Brandt, do Instituto Zoológico e do Museu Zoológico da Universidade de Hamburgo, na Alemanha.
"Temos agora uma melhor compreensão da evolução das espécies marinhas e de como elas podem se adaptar às mudanças no clima e nos ambientes", disse Brandt, que liderou a expedição.
Entre as novas criaturas documentadas estão uma esponja carnívora em forma de abóbora chamada Chondrocladia, vermes que nadam e 674 espécies de isópodes, uma ordem de crustáceos que inclui o animal conhecido como piolho de peixe. Dos isópodes, 585 espécies jamais tinham sido observadas antes.
As amostras foram coletadas entre 2002 e 2005 no Mar de Weddell e nas áreas adjacentes. "O que era visto como um abismo sem graça na verdade é um ambiente dinâmico, variável e biologicamente rico", disse Katrin Linse, bióloga marinha da Pesquisa Antártica Britânica.