Para o vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, a guerra civil é um cenário possível na Venezuela, devido à condição que o país vive. E um dos fatores de risco para que este cenário se concretize é a presença de cubanos que exercem um importante papel de vigilância para o regime chavista, mantendo o ditador Nicolás Maduro no poder.
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Em entrevista ao "Jornal das Dez", da Globo News, na noite desta quarta-feira (27), Mourão afirmou que os cubanos são "uma força estranha" dentro da Venezuela. "Eles controlam o sistema de inteligência, eles vigiam as lideranças das forças armadas e têm sob seu controle as milícias", disse.
"As lideranças das FAN temem porque alguns se envolveram em ilícitos e temem pela vigilância que é exercida sobre eles e sobre suas famílias. E quando entra família em um jogo desses a coisa fica complicada. Existe medo", argumentou Mourão, acrescentando que isto torna o ambiente interno da Venezuela "extramente volátil".
Mourão também mencionou que o número estimado destes cubanos na Venezuela varia entre 20 mil e 60 mil. "Não temos uma avaliação correta da quantidade.... eu prefiro um cálculo mais conservador", ponderou.
Sobre o risco de um conflito na Venezuela chegar em terras brasileiras, Mourão disse que acha pouco provável, argumentando que a fronteira entre Brasil e Venezuela é pouco vivificada, ao contrário do que ocorre na Colômbia. Segundo ele, não há grandes cidades do lado venezuelano perto da fronteira brasileira e há poucas vilas no caminho. "Respingar para o lado do Brasil é menos provável", concluiu.
Segurança do Brasil
Um dia antes da entrevista para a Globo News, em um evento do setor de armamentos, Mourão defendeu o fortalecimento da indústria da defesa do país ao falar da crise envolvendo o regime de Maduro.
Ele disse que a questão foi debatida entre representantes dos países que compõem o Grupo de Lima, que se reuniram no fim de semana na Colômbia.
"Na discussão com alguns companheiros de outros países que estavam lá, nós demos a razão a toda a importância que tem de haver, o preparo, a capacitação das Forças Armadas dos nossos países. E como que nós podemos fazer isso? Via o trabalho da nossa indústria, que vai nos proporcionar os instrumentos necessários para que os nossos objetivos nacionais permanentes de integridade do território e integridade do patrimônio, sejam realmente defendidos."
A ampliação de investimentos em equipamentos militares é uma reivindicação recorrente no meio militar brasileiro, que foi amplificada com as restrições orçamentárias nos últimos anos decorrentes da crise econômica.
No evento, em São Paulo, ele deu posse a conselheiros da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança.
Mourão afirmou que as reformas, como a previdenciária, vão proporcionar ao governo mais espaço no Orçamento para investir na área mais adiante.
"O nosso Brasil está deslanchando para um novo momento, para uma nova fase, rumo aquilo que é o nosso 'destino-manifesto', de sermos a grande nação ao sul do Equador."
Após o evento, ele disse que o governo de Jair Bolsonaro vai manter o atual posicionamento em relação ao país vizinho. "Usar a diplomacia como método e as pressões políticas e econômicas necessárias até que o senhor Nicolás Maduro compreenda que é hora de ele se retirar."