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O secretário de Estado americano, John Kerry, faz nesta terça-feira sua primeira visita oficial ao Brasil, na qual tentará superar o desgaste gerado por suas declarações sobre a América Latina e abordará o escândalo provocado pelas denúncias de espionagem eletrônica a vários países.

Kerry chegará ao Brasil vindo da Colômbia e se reunirá em Brasília com o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota. Segundo comunicado, serão abordados "os principais temas da agenda bilateral, regional e global".

Os dois chanceleres concederão uma entrevista coletiva à tarde. Por enquanto não está previsto um encontro entre o secretário de Estado e a presidente Dilma Rousseff.

Kerry chegou à América Latina no domingo. Em Bogotá foi recebido hoje pelo presidente colombiano, Juan Manuel Santos, e pelos ministros das Relações Exteriores, María Ángela Holguín, e da Defesa, Juan Carlos Pinzón.

Apesar do encontro com Patriota ser inicialmente para organizar a visita de Estado que Dilma fará aos Estados Unidos em 23 de outubro, a reunião coincide com o escândalo causado pelas denúncias de espionagem eletrônica e telefônica dos Estados Unidos a vários países, inclusive o Brasil.

"Obviamente é um tema (a espionagem) que não pode deixar de estar na agenda bilateral entre Brasil e Estados Unidos neste momento", afirmou Patriota na semana passada ao ser questionado pela Agência Efe sobre as denúncias.

O chanceler, que recentemente qualificou como "insatisfatórias" as explicações dadas pelos Estados Unidos sobre as denúncias de espionagem, declarou que o Brasil espera ter esclarecimentos antes da visita oficial de Dilma a Washington, onde será recebida pelo presidente Barack Obama.

Em uma primeira resposta à repercussão das denúncias feitas pelo ex-analista da Agência Nacional de Segurança (NSA) dos EUA, Edward Snowden, sobre espionagem global, o governo americano pediu que uma delegação brasileira visite os EUA e conheça detalhes técnicos e políticos dos programas de vigilância desse país.

A primeira viagem de Kerry a países da América Latina como secretário de Estado acontece em meio ao mal-estar pelas declarações concedidas no Senado nas quais qualificou a região como um "quintal" dos Estados Unidos.

Na agenda de Kerry no Brasil está principalmente a troca comercial e de investimentos entre os dois países, que continua crescendo apesar da crise econômica internacional. Os EUA são hoje o segundo parceiro econômico do país, atrás da China.

Segundo números divulgados pelo Ministério das Relações Exteriores, a troca bilateral cresceu 11,3% nos últimos cinco anos e chegou a US$ 59,1 bilhões no ano passado.

Os Estados Unidos foram no ano passado o maior investidor estrangeiro no Brasil e se mantiveram como o país com o maior acúmulo de investimento estrangeiro aqui, com US$ 104 bilhões até 2010.

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