A esquerda do Uruguai deve rejeitar a realização de um debate entre sua chapa à Presidência e a do principal partido de oposição, semanas antes do segundo turno. Uma discussão pela transmissão de propagandas polêmicas ameaça o primeiro debate presidencial em 15 anos no país.
Representantes do partido de esquerda Frente Ampla, da situação, decidiram nesta segunda-feira recomendar a não participação no debate depois que o conservador Partido Nacional vinculou, em propagandas no rádio e na televisão, o candidato da esquerda, o ex-guerrilheiro José Mujica, a um arsenal encontrado dias atrás.
"São acontecimentos muito graves. A verdade não foi dita à população, que foi enganada. Eles ofendem a chapa e a coletividade política", disse o deputado Enrique Pintado depois de se reunir com integrantes do Partido Nacional.
O partido de oposição aceitou na semana passada a proposta da Frente Ampla de fazer o debate entre os candidatos a presidente e vice-presidente, ideia que havia sido rejeitada inicialmente.
"Um debate estaria destruindo as pontes de contato com a oposição porque não temos garantia de que propagandas neste estilo vão cessar", acrescentou Pintado.
A esquerda disse no fim de semana que denunciará a oposição pelas propagandas nas quais imagens de armas são intercaladas com as de Mujica e de outro ex-guerrilheiro, Julio Marenales, enquanto locutores fazem referência ao arsenal recentemente descoberto.
Integrantes do Partido Nacional disseram que os anúncios se limitam à informação e que o partido da situação utiliza o tema como desculpa para evitar o debate entre as chapas.
O último debate entre presidenciáveis no Uruguai foi feito na campanha eleitoral de 1994.
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