O principal partido de esquerda do México liderava por uma pequena margem de votos a disputa pelo governo do Estado de Chiapas, aprofundando ainda mais o clima de tensão criado pelas eleições presidenciais de 2 de julho.
Depois de apuradas 93% das urnas, Juan Sabines, membro do Partido da Revolução Democrática (PRD), conquistava 48,43% dos votos, ou apenas 0,29% a mais que seu principal rival, afirmaram autoridades do setor eleitoral.
Cerca de 5% dos votos foram anulados devido a irregularidades, o que significa que o resultado final da apuração, independente de qual seja, deve ser contestado.
Chiapas possui um antigo histórico de violência política e é lar dos rebeldes zapatistas, que pegaram em armas no ano de 1994.
O candidato do PRD à Presidência do México, Andrés Manuel López Obrador, alegou ter sido vítima de fraude após perder, por uma pequena margem de votos, a disputa. Há semanas López Obrador lidera manifestações populares que criaram nervosismo no México e paralisaram o centro da capital do país.
Uma vitória do partido dele em Chiapas pode fortalecer sua campanha para evitar que o rival de direita, Felipe Calderón, do Partido da Ação Nacional (PAN), tome posse.
No domingo à noite, simpatizantes vestidos com camisetas amarelas do PRD reuniram-se ao redor de Sabines e cantaram em júbilo depois de ele ter anunciado sua vitória na disputa.
- Ganhamos a eleição - afirmou.
Mas os aliados do candidato rival, José Antonio Aguilar Bodegas, também reivindicaram a vitória e realizaram celebrações ruidosas na capital do Estado, Tuxtla Gutiérrez.
O PRD governa Chiapas. Na reta final da campanha, o partido de Calderón deu apoio a Aguilar, do Partido Revolucionário Institucional (PRI), tentando tirar os esquerdistas do poder.
Ainda assim, alguns simpatizantes do PAN não conseguiram ser convencidos de votar no PRI, que governou o México por sete décadas antes de ser tirado do poder pelo próprio PAN, em 2000.
Era tarde demais para tirar o nome do candidato do PAN da disputa, e ele obteve 2,6% dos votos apesar dos apelos para que Aguilar fosse eleito.
Fraude
O PAN e o PRI acusaram o governador de Chiapas de usar irregularmente fundos públicos na campanha.
O processo eleitoral transcorreu quase sem incidentes, disseram autoridades, apesar de terem surgidos acusações sobre a compra de votos.
A principal corte eleitoral do México examina as acusações feitas por López Obrador de que milhares de cédulas eleitorais teriam sido adulteradas na eleição presidencial. A previsão, porém, é de que os juízes confirmem a vitória de Calderón e o declarem o presidente eleito.
Os esquerdistas, que montaram acampamentos na região central da Cidade do México e já bloquearam, temporariamente, prédios do governo e de empresas, desejam intensificar sua campanha e evitar que Calderón tome posse.
López Obrador vê na eleição de Chiapas uma chance para sedimentar sua posição. Ele viajou ao Estado na semana passada a fim de pedir apoio ao candidato do partido.
Calderón, um político neoliberal, visitou vários governadores do PRI no sul do México, na semana passada, tentando obter apoio para as reformas econômicas que espera promover após tomar posse, em dezembro.
Uma grande parte dos moradores de Chiapas aptos para votar pertence ao grupo zapatista, que realizou, em 1994, um levante curto, mas violento. Os zapatistas moram em vilarejos autônomos e não votam nas eleições.
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