A esquerda do Uruguai se afirma como a favorita para se manter no poder por mais cinco anos, disseram analistas políticos e uma nova pesquisa de opinião nesta quarta-feira, a quatro dias das eleições gerais no país.

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No entanto, o candidato presidencial do partido da situação, Frente Ampla, o ex-guerrilheiro José Mujica, deve ir a segundo turno em novembro contra o ex-líder Luis Alberto Lacalle, do centro-direita Partido Nacional (PN) ou Branco, segundo as pesquisas.

Uma pesquisa de intenção de votos da empresa Grupo Radar deu ao Frente Ampla 44,7 por cento dos votos, ao PN 28,7 por cento e ao Partido Colorado 13,9 por cento, o que levaria a um segundo turno, já que nenhum dos mais votados conseguiria alcançar a maioria absoluta.

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A pesquisa deu a Mujica, de 74 anos, uma vantagem de seis pontos percentuais sobre Lacalle, de 68, no segundo turno, programado para 29 de novembro.

A Frente Ampla, que reúne socialistas, comunistas, democratas cristãos e ex-guerrilheiros, teve um pequeno crescimento com relação a pesquisas anteriores, enquanto o Partido Nacional continuou em franco retrocesso.

O Partido Colorado, de centro-direita e uma das correntes políticas históricas do país, também registrou um avanço, mas ainda distante de sua força tradicional.

As pesquisas mais recentes continuam mostrando a previsível tendência da votação para a esquerda com relação às eleições de 2004, quando o médico Tabaré Vázquez ganhou a Presidência no primeiro turno.

Com a gestão do governo aprovada pela maioria dos uruguaios e a popularidade de Vázquez em níveis recordes, a Frente Ampla não conseguiu passar para Mujica todo esse apoio.

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Sua condição de ex-guerrilheiro, postura mais à esquerda e estilo casual que inclui explosões frequentes, o que provocou mal-estar dentro da própria coalizão, impediram essa transferência, de acordo com analistas.

Vantagem da frente

Vários analistas concordaram que a eleição presidencial será decidida no segundo turno, e a maioria apontou uma vantagem para Mujica, um senador e dono de um sítio nos arredores de Montevidéu.

Na última semana de campanha, Mujica e Lacalle, que vem de uma tradicional família de políticos, trataram de atrair os indecisos, mas os analistas acham difícil uma mudança drástica no cenário eleitoral.

"O primeiro turno não está decidido (...), nenhum resultado é descartável", disse César Aguiar, da consultoria Equipos, ao indicar a possibilidade de Mujica ganhar a Presidência no domingo.

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Aguiar afirmou, no entanto, que uma vitória da Frente Ampla no primeiro turno "não é o mais provável".