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Eleições americanas

Essencial na campanha, Bill Clinton vira incógnita num possível governo de Hillary

Bill Clinton tem alta popularidade. | Nicholas Kamm/AFP
Bill Clinton tem alta popularidade. (Foto: Nicholas Kamm/AFP)

Marido de Hillary Clinton, Bill Clinton é muito popular. Na verdade, segundo pesquisas de vários institutos, o ex-presidente americano é um dos mais queridos governantes da História dos Estados Unidos – o de melhores índices após a Segunda Guerra Mundial e, provavelmente, a figura política mais estimada hoje no país. É mais admirado do que o atual presidente, o democrata Barack Obama (2009-2016), e do que o antecessor, o republicano George W. Bush (2001-2009). A razão do sucesso de Clinton? Money!

No mandato dele, houve o maior período de expansão econômica, sem interrupção, de todos os tempos nos EUA: 115 meses consecutivos de crescimento. Além de a taxa de desemprego ter caído ao menor patamar nos últimos 30 anos: 22 milhões de postos de trabalho foram criados, algo jamais conseguido sob uma mesma Presidência. Feitos que superaram severas adversidades, como a abertura de um impeachment contra ele – arquivado pelo Senado – por causa de escândalos de assédio sexual, o mais notório com a estagiária da Casa Branca Monica Lewinsky.

Cabo eleitoral e conselheiro

Com isso, segundo analistas ouvidos pelo reportagem, Bill Clinton se tornou um dos principais cabos eleitorais da mulher, Hillary. E, apesar de não se poder prever qual posto ele assumiria numa eventual Presidência dela, é certo que seria relevante no cenário político americano.

“Vai ser um conselheiro-chave, uma espécie de ministro itinerante, sem pasta”, afirma o professor de Ciência Política Thomas Whalen, da Boston University, em Massachusetts. “A questão é onde seria mais eficaz: em assuntos nacionais ou estrangeiros?”

Para ele, Clinton teve importante desempenho na campanha, como “estrategista e ativista”, sendo um dos responsáveis pela escolha de Tim Kaine para vice na chapa: “Clinton é eficaz entre eleitores da classe trabalhadora branca, um grupo que Hillary teve dificuldade em atrair”.

O também professor de Ciência Política Jason Gainous, da University of Louisville, em Kentucky, acrescenta o fator econômico: “A economia dos EUA, com Bill Clinton, foi, talvez, a mais forte da História americana. Trazê-lo para a campanha foi uma estratégia simples para dar aos eleitores confiança na capacidade de Hillary de gerir a economia”.

Porta-voz

A especialista em primeiras-damas Anita McBride, do Centro de Estudos do Congresso e Presidenciais da American University, em Washington-DC, e o professor de assuntos governamentais Sandy Maisel, do Colby College, no Maine, concordam: “Bill Clinton é o melhor porta-voz de Hillary”. “Não se sabe qual papel ele desempenharia num governo dela. Acho que um consultor geral, sem pasta específica. Será designado para problemas em áreas do mundo onde é popular”.

Também neste ponto, Anita segue Maisel no raciocínio. “Dada a popularidade global dele, Hillary pode designá-lo como um embaixador especial [sem país determinado]. A complicação, no entanto, é que a fundação privada deles [Clinton Foundation] não pode estar em conflito com as regras éticas do governo – comenta ela, lembrando os recentes e-mails vazados pelo Wikileaks, que mostram, além de doações para a fundação, contribuições para a conta pessoal do ex-presidente.

Já para o professor Robert Y. Shapiro, do Departamento de Ciência Política da Universidade de Columbia, em Nova York, Bill Clinton deve viajar, sim, mas dentro dos EUA, “por todo o país, para falar com as pessoas sobre os problemas que estão enfrentando”: “Identificar as dificuldades de cada parte do país vai “conectá-lo” com o povo. Ele é bom nisso”.

Voz dissonante, Jason Gainous faz um alerta:”Não estou realmente seguro sobre qual papel Bill Clinton deveria exercer. Mas sei bem sobre o que ele não deve fazer. Não será uma autoridade eleita, e a sua interferência poderia prejudicar a capacidade de Hillary de governar”.

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