Fidel Castro disse na terça-feira que seu estado de saúde o impediu de participar da abertura dos festejos de seus 80 anos, um evento que o mundo aguardava para ter sinais para avaliar a recuperação do líder cubano, há quatro meses afastado.
Castro entregou o governo cubano a seu irmão Raúl em 31 de julho, para se recuperar de uma enfermidade não revelada que o deixou fora do poder pela primeira vez em quase meio século e o obrigou a se submeter a uma cirurgia de urgência. Desde então o líder não é visto em público.
``Eu ainda não estava em condições, segundo os médicos, de enfrentar um encontro tão colossal'', disse Fidel em mensagem lida na noite de terça-feira por um apresentador em um teatro de Havana. ``Despeço-me com grande dor por não ter podido lhes agradecer pessoalmente e abraçar cada um de vocês'', disse ele, dirigindo-se aos admiradores de todo o mundo que vieram a Havana.
Na mensagem, Fidel não esclarece se irá participar do desfile militar de 2 de dezembro, o primeiro realizado no país em uma década. Muitos acham que esse seria o momento ideal da sua reaparição.
Fidel apareceu pela última vez em 28 de outubro, na TV estatal. Era visto caminhando lentamente e lendo jornais, para desmentir rumores de sua morte. As autoridades cubanas dizem que ele está se recuperando bem da cirurgia, mas não se sabe se, quando ou como ele voltará à vida pública.
``Que ninguém espere em Cuba nada depois de Fidel, porque para Fidel não há depois'', disse na terça-feira Carlos Lage Codorniu, presidente da Federação de Estudantes Universitários. ''Esse é o nosso presente, comandante: unidade e continuidade.''
Cerca de 1.500 intelectuais e políticos de 80 países chegaram ao longo desta semana em Cuba para celebrar com conferências, concertos e exposições o 80o. aniversário de Fidel, que na verdade ocorreu em 13 de agosto. As celebrações foram adiadas para agora a pedido do próprio líder cubano.
As autoridades decretaram ponto facultativo no sábado para que os cubanos assistam pessoalmente ou pela TV ao desfile militar, ponto alto das homenagens a Fidel. Soldados, tanques soviéticos e cerca de 300 mil cidadãos devem passar pela praça da Revolução, a maior da capital, onde duas cadeiras já foram colocadas na primeira fila, num sinal de que Fidel poderia aparecer. Estudantes e militantes do Partido Comunista foram mobilizados para reforçar o desfile militar.
``Temos que demonstrar ao inimigo [os EUA] nosso potencial e nosso armamento'', disse a universitária Suranis, 19 anos, que marchará fardada e carregando um fuzil.
No poder desde 1959, Fidel rejeita o culto à personalidade. A atual festa em Havana é organizada pela Fundação Guayasamín, do Equador.