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Censura

Estado Islâmico caça jornalistas e opositores

Familiares carregam caixões de voluntários do Exército Iraquiano, mortos em confrontos com radicais do Estado Islâmico | Alaa Al-Marjani/Reuters
Familiares carregam caixões de voluntários do Exército Iraquiano, mortos em confrontos com radicais do Estado Islâmico (Foto: Alaa Al-Marjani/Reuters)

"Quando vão me matar?", pensou o jornalista iraquiano Mohammed al-Qaisi, após ser detido pelos jihadistas do Estado Islâmico (EI) e antes de ser libertado, o que ele mesmo considera um milagre. Qaisi, de 29 anos, foi sequestrado pelo EI e detido em suas prisões durante cinco dias ao tentar sair da cidade de Mossul, no norte do Iraque, onde o grupo terrorista o proibiu de exercer o jornalismo.

O repórter explicou que o EI começou a perseguir as tarefas jornalísticas logo após tomar em 10 de junho o controle de Mossul, a segunda maior cidade do país, de onde foram retiradas as forças da ordem. "Desde então, nós trabalhávamos de forma clandestina", detalhou, em alusão aos seus companheiros de profissão, alguns que também sofreram ameaças e sequestros. Qaisi, que é correspondente para meios de comunicação internacionais, disse que um dos membros do EI tinha advertido que não trabalhasse "por sua segurança". Era necessária uma autorização desse grupo radical, cujos membros "pensam que os meios de comunicação falsificam a realidade", declarou o jornalista iraquiano.

Perante essa situação, Qaisi decidiu se deslocar a outras áreas do norte do Iraque como Biji, Tikrit ou Kirkuk para cobrir o conflito e continuar com seu trabalho. No entanto, em um posto de controle na entrada da cidade de Tikrit, os extremistas pararam o carro no qual se deslocava e não demoraram muito em identificá-lo. Então Qaisi foi algemado, taparam seus olhos e o conduziram a um lugar desconhecido, onde foi submetido a um interrogatório sem ser torturado e depois transferido à sede do governo de Tikrit.

Medo

"Durante a detenção estive sob uma grande pressão. Me perguntava constantemente: Quando vão matar? Vão me liberar?", relatou Qaisi. Em 23 de junho, após cinco dias de detenção, finalmente o jornalista foi libertado junto a vários agentes de segurança iraquianos graças a um indulto ordenado pelo líder do EI, Abu Bakr al-Baghdadi. Dias depois, em 29 de junho, Baghdadi proclamou um califado muçulmano que abrange desde a província síria de Aleppo (norte) até a iraquiana de Diyala (leste). "Não podia acreditar, foi algo que superava a realidade. Neste momento soube que tinha escapado da morte por milagre", contou Qaisi, que integra a relação de jornalistas sequestrados pelo EI.

Governo

O Parlamento do Iraque remarcou para o próximo domingo a reunião em que deve tentar formar um novo governo para o país. A decisão foi anunciada após pressão internacional contra o prazo de cinco semanas de negociações prévias para o encontro, inicialmente marcado para dia 12 de agosto.

Passado

O grupo jihadista Estado Islâmico (EI) lançou ontem uma campanha de captura contra responsáveis militares e políticos do antigo regime de Saddam Hussein. Mais de 15 altos funcionários do antigo exército do Iraque foram capturados. Xeques tribais locais começaram os contatos com os dirigentes do EI para pedir a libertação dos detidos.

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