O Estado Islâmico fechou todas as escolas localizadas em áreas sob seu controle no leste da Síria até que seja feita uma reforma religiosa nos currículos, disseram moradores e um grupo de monitoramento nesta sexta-feira (7).
Os militantes islamitas estão aumentando a rigidez de suas regras sobre a vida dos civis na província de Al-Zoir, que este ano caiu quase completamente sob o controle do Estado Islâmico. O governo ainda controla uma base militar e alguns pequenos bolsões na região.
O anúncio ocorreu na quarta-feira (5), após o Estado Islâmico ter se reunido com diretores de escolas em uma mesquita nos arredores da cidade de Deir al-Zor, de acordo com o Observatório Sírio de Direitos Humanos, sediado na Grã-Bretanha, que monitora ambos os lados do conflito.
"O Estado Islâmico informou a eles que os professores devem ser submetidos a um curso de treinamento religioso por um mês, e que representantes do Estado Islâmico estavam desenvolvendo atualmente um novo currículo no lugar da atual educação 'infiel'", disse o Observatório em comunicado.
No início do ano acadêmico em setembro, o Estado Islâmico revisou o currículo escolar em áreas sob seu controle, eliminando matérias como física e química e promovendo os ensinamentos islâmicos. A medida mais recente tem como objetivo reduzir o dia escolar a várias horas de aprendizado religioso, em detrimento de matérias acadêmicas, de acordo com ativistas locais.
"Eles anunciaram que vão ensinar apenas religião e um pouco de matemática. A lógica deles é que todo o conhecimento pertence ao criador, então até mesmo a tabela de multiplicação não deveria ser ensinada", disse um ativista chamado Abu Hussein al Deiri.
Alguns locais protestaram contra o apagão escolar, de acordo com filmagens publicadas na Internet por ativistas. As imagens mostravam dezenas de meninas e meninos que pareciam ter menos de 12 anos marchando junto a algumas poucas professoras cobertas por véus negros, como passou a ser exigido pelo Estado Islâmico desde o início do ano acadêmico. As crianças gritavam: "Queremos escola."
Mas o ativista Deiri lamentou que os manifestantes tenham se calado, porque a maioria das pessoas estava "assustada demais para protestar". O Estado Islâmico prendeu, crucificou, executou e decapitou centenas de pessoas nos últimos meses em Deir al-Zor por "apostasia", crime do qual acusa a todos que desobedecem ou se opõe ao grupo islamita.