O grupo terrorista Estado Islâmico (EI) planejava realizar ataques químicos na Europa, o que levou os Estados Unidos a lançarem uma operação para assassinar o principal especialista da organização neste tipo de armamento, segundo uma investigação publicada nesta segunda-feira pelo jornal “The Washington Post”.
O jornal explicou que em 2014, depois que o EI declarou um califado na Síria e no Iraque, o então líder do grupo, Abu Bakr al Baghdadi, se reuniu com o especialista em armas químicas Salih al Sabawi, um engenheiro russo que no passado ajudou o ditador iraquiano Saddam Hussein a construir seu arsenal químico.
Al Baghdadi propôs a Al Sabawi que trabalhasse para o EI com o objetivo de criar seu próprio arsenal e o engenheiro aceitou, de acordo com relatórios de inteligência citados pelo “The Washington Post”.
Após essa reunião, começou o que autoridades americanas e curdas iraquianas descreveram como esforços para construir o maior arsenal de armas químicas e possivelmente biológicas em poder de um grupo terrorista, detalhou o jornal.
O “Post” indicou também que seis meses depois o EI, sob as instruções de Al Sabawi, fabricou gás mostarda e projéteis com gás cloro.
Para preparar este artigo, o jornal americano recorreu a relatórios de inteligência curdo-sírios, bem como a uma investigação da ONU, que teve acesso a documentos do EI em busca de provas de crimes de guerra cometidos pela organização, e a entrevistas com funcionários e ex- oficiais americanos.
Tal foi a preocupação despertada pelas atividades de Al Sabawi no EI que as forças de operações especiais dos EUA lançaram em 2015, em colaboração com os "peshmerga" (forças de segurança curdas iraquianas), um ataque para assassinar o especialista e acabar com o programa de armas químicas.
De fato, Al Sawabi morreu em um ataque de um avião americano, possivelmente um drone, no final de janeiro daquele ano em Mossul, um reduto do EI no Iraque.
Ainda assim, os investigadores conseguiram documentar que houve 20 ataques químicos realizados pelo EI entre janeiro de 2015 e abril de 2017, usando gás mostarda e cloro, no Iraque e na Síria.
O “Post” ressaltou também que, por meio de "vigilância eletrônica", funcionários dos EUA descobriram em 2014 que Al Sabawi trabalhava no desenvolvimento de novas armas usando ricina e toxina botulínica, além de ter planos de usar antraz.
Autoridades e ex-funcionários americanos, citados pelo jornal, apontaram que o objetivo era criar um arsenal com diferentes tipos de agentes químicos e biológicos para utilizá-los em campanhas militares, bem como em ataques contra grandes cidades da Europa.
Por fim, o jornal destaca que os investigadores da ONU conseguiram confirmar que o EI colocou alguns de seus prisioneiros à disposição de Al Sabawi para usar como cobaias em seus testes e que Al Baghdadi forneceu ainda um laboratório na Universidade de Mossul.