Os estados americanos de Colorado e Washington aprovaram na terça-feira o consumo recreativo da maconha, uma medida sem precedentes no país, em um dia eleitoral que também registrou o apoio ao casamento homossexual e ao financiamento do aborto.
Ao mesmo tempo em que eram realizadas as eleições presidenciais, nas quais o presidente Barack Obama conseguiu um segundo mandato, os eleitores votaram 170 referendos em todo o país.
Entre eles, três estados realizaram consultas sobre a legalização da maconha, incluindo seu consumo com fins recreativos.
Colorado (centro-oeste) aprovaram o referendo com 54% a favor e 46% contra, enquanto Washington (noroeste) registrou 55% a favor e 45% contra, de acordo com resultados parciais da CNN.
De acordo com a emissora, Oregon (noroeste) rejeitou a proposta, com 56% contra 44%.
Além disso, três estados legalizaram o casamento homossexual (Maine, Washington e Maryland), enquanto um, a Flórida, rejeitou uma medida que buscava proibir a concessão de fundos públicos para financiar o aborto.
Já a Califórnia (oeste) rejeitou uma proposta de eliminar a pena de morte e outra que pretendia obrigar os distribuidores de alimentos geneticamente modificados (OGM) a etiquetá-los como tais.
O consumo de maconha já é legal na Califórnia e em outros 15 estados dos Estados Unidos, além do Distrito Federal, mas apenas com fins medicinais.
Segundo Ethan Nadelmann, diretor da organização Drug Policy Alliance, que defende a descriminalização da maconha, as decisões inéditas de Colorado e Washington de regular a maconha de forma similar ao álcool convertem o assunto "em um tema dominante".
"Isto agora é um tema dominante", destacou em um comunicado. "Os cidadãos estão mais ou menos divididos, mas cada vez se inclinam mais a favor de uma regulação responsável da maconha, em vez das caras e ineficazes políticas de proibição".
Enquanto isso, 54% dos eleitores do Maine (nordeste) aprovaram o casamento entre pessoas do mesmo sexo, proposta rejeitada em um referendo em 2009.
Washington e Maryland (noroeste) pareciam seguir seus passos, já que estas medidas já haviam sido aprovadas em nível legislativo. Segundo projeções da CNN com base em resultados parciais, os dois estados aprovaram o casamento gay com 52% de apoio.
O casamento entre pessoas do mesmo sexo não é reconhecido em nível federal, mas antes de terça-feira já era legal nos estados de Connecticut, Iowa, Massachusetts, New Hampshire, Nova York, Vermont e no distrito de Columbia, ao qual pertence a capital, Washington.
O casamento gay está, por sua vez, constitucionalmente proibido em outros 31 estados.
Os eleitores da Califórnia rejeitaram (com 53,6% contra e 46,4% a favor) uma proposta de proibir a pena de morte e substituí-la pela prisão perpétua sem opção de liberdade condicional, segundo dados da secretaria de Estado da Califórnia.
Também rejeitaram uma proposta de obrigar os distribuidores de alimentos que contêm organismos geneticamente modificados (OGM) a etiquetá-los como tais, por 54% a 46%.
Já os eleitores da Flórida votaram contra uma proposta de proibir o uso de fundos públicos ou de cobertura médica para praticar abortos, também segundo resultados parciais.
De acordo com as redes de televisão CNN e NBC, o "não" à proposta ganhou com 55% dos votos contra 45% favoráveis ao texto.
O aborto, ao qual muitos republicanos se opõem ferozmente, é um tema que divide os Estados Unidos e foi assim particularmente durante a campanha eleitoral.
O candidato republicano de Missouri Todd Akin desencadeou uma controvérsia quando sugeriu que as mulheres "bloqueiam" seu corpo para evitar ficar grávidas quando são "realmente estupradas".
Mais recentemente, o candidato republicano Richard Mourdock foi criticado quando disse em Indiana que, se uma mulher ficar grávida como resultado de um estupro, isso é algo "que Deus queria que acontecesse".
Tanto Akin quanto Mourdock perderam em suas respectivas disputas eleitorais, segundo meios de comunicação locais.