A secretária-assistente de Estado americana para a África, Jendayi Frazer, disse nesta sexta-feira estar confiante de que o Sudão autorizará uma força da ONU em Darfur, embora Cartum tenha uma política ambígua sobre a questão desde que firmou um acordo de paz com os rebeldes.
Em entrevista, Frazer também alertou que a comunidade internacional não ficará de braços cruzados caso a força da ONU não seja admitida.
O governo do Sudão e a principal força rebelde de Darfur firmaram na semana passada na Nigéria um acordo para encerrar três anos de conflitos que mataram dezenas de milhares de pessoas e obrigaram duas milhões a deixarem suas casas.
- tem recebido ofertas de assistência de toda a comunidade mundial, e espero que aceite tal assistência - disse a secretária-assistente, que ajudou mediadores da União Africana a selarem o acordo da semana passada em Abuja.
Desde a assinatura do acordo, porém, o governo do Sudão dá sinais contraditórios sobre sua intenção de aceitar ou não a missão da ONU. A União Européia afirmou nesta sexta-feira que sente uma crescente resistência por parte de Cartum.
A comunidade internacional quer que uma força da ONU substitua os sete mil soldados da União Africana atualmente em Darfur, onde, segundo os EUA, ocorre um genocídio.
Frazer não quis especular sobre a hipótese de Cartum não aceitar a nova força:
- Não há necessidade de fazer planos de contingência se você espera que o governo do Sudão aceite uma operação da ONU. Eles assinaram o acordo de paz de Darfur e agora sabem que é necessário implementá-lo.
O presidente americano, George W. Bush, telefonou para o presidente sudanês, Omar Hassan Al Bashir, pressionando-o a abandonar sua antiga resistência à força da ONU.
Frazer previu que o Sudão anunciará uma decisão após a reunião de chanceleres africanos na segunda-feira na Etiópia. Segundo ela, o Sudão sofre pressão dos seus vizinhos e também na Liga Árabe.
- Não estou nada nervosa. Sei que a comunidade internacional não ficará de braços cruzados nem permitirá que essa violência continue.
Segundo Frazer, a assistência americana será direcionada a planejamento, logística, inteligência e comunicações, provavelmente sem o envio de tropas:
- Acho que ninguém quer .
Dois pequenos grupos rebeldes de Darfur não assinaram o acordo, mas a secretária-assistente disse estar confiante de que isso ocorrerá em breve.
A violência de Darfur transbordou para o vizinho Chade, onde a ONU também estuda a criação de uma força internacional para proteger civis e refugiados.
Entretanto, Frazer acha que será desnecessária uma força em Chade, pois, quando a situação se resolver em Darfur, a instabilidade na área da fronteira tende a acabar, segundo ela.
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