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Oriente médio

Estados Unidos planejam fechar escritório dos palestinos em Washington

Palestinos protestam contra bloqueio israelense no Litoral Norte da Faixa de Gaza | SAID KHATIB/AFP
Palestinos protestam contra bloqueio israelense no Litoral Norte da Faixa de Gaza (Foto: SAID KHATIB/AFP)

O governo americano decidiu fechar o escritório da delegação da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) em Washington. Segundo o Departamento de Estado dos EUA, “após uma cuidadosa revisão”, o governo concluiu que a organização “não tomou medidas” para avançar nas negociações de paz com Israel e tentou promover uma investigação contra Israel no Tribunal Penal Internacional (TPI). 

“A liderança da OLP condenou o plano de paz dos EUA, sobre o qual não tomou conhecimento ainda, e se recusou a se envolver com o governo dos EUA quanto aos esforços de paz”, informou o Departamento de Estado em um comunicado publicado nesta segunda-feira (10)

A Organização para a Libertação da Palestina é um organismo internacionalmente reconhecido como representante do povo palestino. Seu escritório em Washington funciona desde 1994. 

O plano de paz para o Oriente Médio que o departamento de Estado menciona em sua nota ainda não foi revelado. Isso deve ocorrer somente depois das eleições de meio mandato nos EUA, em novembro – possivelmente em 2019, segundo o jornal Times of Israel. Em retaliação à transferência da embaixada americana em Israel de Tel-Aviv para Jerusalém, em maio deste ano, os palestinos tem se recusado a iniciar conversas para um acordo de paz na região. 

O governo dos EUA também cita os esforços dos palestinos em processar Israel no TPI por supostas violações de leis internacionais no tratamento de pessoas e propriedades na Cisjordânia ocupada e em Gaza. EUA e Israel não reconhecem o tribunal e, conforme explicou o Washington Post, a legislação americana exige o fechamento do escritório da OLP após qualquer movimento palestino de usá-lo contra Israel. 

O anúncio ocorre no mesmo momento em que o conselheiro de segurança nacional, John Bolton, deve estipular sanções para punir pessoas que cooperarem com o TPI em uma possível investigação das ações norte-americanas na guerra do Afeganistão, segundo o Post. 

Qual foi a reação dos palestinos? 

A decisão causou imediata reação das autoridades palestinas. Hanan Ashrawi, membro do comitê executivo da OLP, descreveu a ação como uma forma de "chantagem cruel". 

"Tais movimentos irresponsáveis são uma prova clara do conluio americano com a ocupação de Israel", disse ela. "Os EUA fariam melhor em finalmente entender que os palestinos não se renderão e que nenhuma medida de coerção ou medidas injustificadas de punição coletiva colocará a liderança ou o povo palestino de joelhos". 

O secretário-gera da OLP disse, por meio de comunicado à BBC, que “esta perigosa escalada mostra que os Estados Unidos estão dispostos a desmontar o sistema internacional com o intuito de proteger os crimes cometidos por Israel e os ataques contra a terra e o povo da Palestina, bem como contra a paz e a segurança na região.” 

Outros movimentos de Trump contra os palestinos 

Para o cientista político e diretor do Programa de Estudos do Oriente Médio e Centro do Oriente Médio, na Northeastern University (EUA), Dov Waxman, a decisão do governo Trump de fechar o escritório da Organização de Libertação da Palestina em Washington é “apenas a mais recente de uma série de ações punitivas contra os palestinos”. 

“O objetivo é pressionar a OLP e seu líder, Mahmoud Abbas, de volta às negociações de paz com Israel e, finalmente, aceitar o plano de paz da administração Trump. Pessoalmente, acho que essa estratégia fracassará porque os palestinos não vão capitular”, disse Waxman. 

Segundo Dan Arbell, pesquisador residente do Center for Israeli Studies da American University (EUA), não acredita que a decisão de Trump influenciará na abordagem palestina e não fará com que os palestinos se sentem à mesa de negociações. É possível, de acordo com ele, que haja um aumento na instabilidade na Cisjordânia. 

Nas últimas semanas, o governo Trump vem tomando uma série de medidas contra os palestinos. No sábado, o Departamento de Estado informou que, de acordo com uma determinação do presidente americano, US$ 25 milhões que estavam alocados para seis hospitais em Jerusalém Oriental, responsáveis por cuidados médicos à população palestina, seriam redirecionados para outros projetos com maior prioridade. 

Duas semanas antes, os Estados Unidos anunciou o cancelamento de todo o financiamento do programa de ajuda das Nações Unidas aos refugiados palestinos. A intenção do governo Trump é realocar os recursos para um plano de paz próprio para a região. 

Dois dos possíveis destinos dos recursos, segundo especialistas do The Heritage Foundation, devem ser o governo da Jordânia e o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) com o objetivo de amenizar os problemas humanitários causados pela guerra civil na Síria e para atender os palestinos fora do âmbito das Nações Unidas. 

Os cortes no financiamento, juntamente com mudanças na política, incluindo o reconhecimento de Jerusalém como a capital de Israel, são parte de uma grande reformulação da política do Oriente Médio sob o presidente Donald Trump.  

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