Os Estados Unidos continuam sendo a principal fonte financeira do Vaticano apesar das dificuldades das contas da igreja americana devido às indenizações pagas às vítimas dos padres pedófilos, anunciou a Santa Sé nesta sexta-feira.
No ano passado, "como nos anos anteriores", os Estados Unidos foram os maiores doadores, declarou o presidente da Prefeitura para Assuntos Econômicos, o cardeal Sergio Sebastiani, durante a entrevista coletiva de apresentação do balanço consolidado do Vaticano para 2006.
"Eu me lembro que quando houve o escândalo dos padres pedófilos, os meios americanos disseram que as doações iriam diminuir, mas com relação à Santa Sé, isso não ocorreu", comentou. "Eu não sei quanto às doações dos americanos às suas dioceses", acrescentou ele.
A Igreja Católica nos Estados Unidos se envolveu em muitos supostos casos de pedofilia, que foram resolvidos com o pagamento de importantes somas em dinheiro das vítimas.
Por exemplo, o arcebispado de Los Angeles aceitou em dezembro de 2006 destinar 60 milhões de dólares para resolver amigavelmente as ações movidas por 45 supostas vítimas de padres pedófilos. Muitas dioceses se declararam em falência diante da impossibilidade de saldar a dívida.
Esta situação teve conseqüências sobre a contabilidade da Santa Sé porque se os Estados Unidos continuaram a ser o primeiro país nas doações livres, ele foi superado em 2006 pela Alemanha no que diz respeito às contribuições das dioceses, afirmou o cardeal.
Os três principais doadores do Vaticano são, em ordem, os Estados Unidos, a Alemanha (país natal do papa Bento XVI) e a Itália.
Pelo terceiro ano consecutivo, a Santa Sé apresentou um balanço econômico positivo em 2006, com quase 228 milhões de euros em receita e 225 milhões de euros de despesa.
As receitas são constituídas principalmente das coletas e do valor pago regularmente pelas dioceses. Os turistas que visitam os museus do Vaticano também contribuem com o financiamento do pequeno Estado.
A maior parte das despesas consiste na remuneração de 2,704 pessoas (773 padres, 331 religiosos e 1.600 leigos) que trabalham na cúria romana.
O Estado do Vaticano conta com 1.693 empregados. Para o ano de 2006, o fundo de pensão do Vaticano pagou mais de 15 milhões de euros a seus aposentados.
Em 2006, os donativos ao papa e à Santa Sé aumentaram 12% graças particularmente a contribuições "excepcionais", afirmou o padre Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano. "Agradecemos a providência, mas nós esperamos que isso se repita nos próximos anos", declarou.