A chegada do presidente Barack Obama à Argentina – logo após uma visita histórica a Cuba – deveria mostrar como o governo de Mauricio Macri é amigável com os Estados Unidos e dar espaço para Buenos Aires conquistar um papel importante nas questões que dizem respeito ao hemisfério sul. Mas os atentados em Bruxelas acabaram desviando as atenções da visita.
Ainda assim, a eleição de Macri no dia 22 de novembro representa uma oportunidade para a melhoria das relações entre os EUA e a Argentina, que haviam se deteriorado no governo da presidente Cristina Kirchner.
Cristina, que esteve no poder entre 2007 e 2015, e seu marido Nestor, que ocupou a presidência nos quatro anos anteriores, eram ambos peronistas e discordavam dos oficiais americanos em assuntos que iam desde questões comerciais até a dívida da Argentina para com credores dos EUA.
Agora com o Brasil numa crise econômica e política dessas, o sucesso ou fracasso da Argentina é o que vai definir que alternativa teremos quando se olha para o modelo brasileiro, o modelo venezuelano e o argentino.
Macri venceu a última eleição com apenas 51% dos votos, o que significa que o eleitorado continua dividido entre os que procuram uma abordagem mais centrista para o governo e os que apoiam uma postura mais combativa e de esquerda, na linha de nações como a Venezuela.
Como resultado, Macri visa uma abordagem que pode casar melhor com os interesses dos EUA, mas que não estará alinhada explicitamente à sua administração.
Harold Trinkunas, diretor da Iniciativa Latino-Americana da Brookings Institution, disse que “embora o pessoal em Washington esteja otimista e entusiasmado com a eleição de Macri, nós não iremos voltar à política do alinhamento automático”.
Por mais que a administração estivesse disposta desde o início a adotar Macri, em todo caso, a preocupante crise política e a epidemia de zika no Brasil fizeram com que, para os EUA, houvesse uma urgência ainda maior para convocar outro grande aliado na América do Sul.
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