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Religião

Estados Unidos vivem nova onda de islamofobia

Protesto de moradores de Nova York contra a construção de um centro cultural islâmico perto do local onde ficava o World Trade Center, destruído no atentado terrorista de 11 de Setembro | Creative Commons
Protesto de moradores de Nova York contra a construção de um centro cultural islâmico perto do local onde ficava o World Trade Center, destruído no atentado terrorista de 11 de Setembro (Foto: Creative Commons)
Manifestante exibe cartaz a favor dos muçulmanos |

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Manifestante exibe cartaz a favor dos muçulmanos

Veja que pesquisa mostra que a América está cada vez mais receosa e islamofóbica |

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Veja que pesquisa mostra que a América está cada vez mais receosa e islamofóbica

Às vésperas do aniversário dos atentados terroristas de 11 de Se­­tembro, o projeto da construção de uma mesquita e de um centro cultural islâmico a duas quadras do Marco Zero – lugar onde ficavam as torres do World Trade Cen­­ter, destruídas após o ataque terrorista – divide os norte-americanos e faz renascer o sentimento contra os muçulmanos que vivem ou visitam o país. A islamofo-

­­bia – termo utilizado pela imprensa para retratar a resistência americana à cultura e a religião islâmica – foi tema de uma pesquisa recente realizada pelas redes de tevê CNN e Fox News. Os números revelam que aproximadamente 70% dos norte-americanos são contra a construção de uma mesquita na região que foi alvo dos atentados de setembro de 2001.

O Cordoba Center ou Park51 – nomes com os quais foi batizado o projeto do templo islâmico e do centro comunitário – terá nove mil metros quadrados e custará cerca de US$ 100 milhões. Trata-se de um espaço sociocultural de 13 andares, onde serão abrigados um auditório, um centro cultural, uma biblioteca, um restaurante, um orfanato e, é claro, a mesquita – principal alvo da discórdia. Apesar de enfrentar forte resistência da sociedade, o projeto já conta com o apoio do prefeito de Nova York, Michel Bloomberg, dos democratas da cidade, das redes de tevê CNN e NBC, do jornal The New York Times e das revistas Time e Newsweek.

Para o Sheik Abdelbagi Osman, diretor executivo do Instituto Latino Americano de Estudos Islâmicos, o fato de haver uma tendência favorável à construção da mesquita por parte da imprensa ou da sociedade norte-americana indica uma mudança no pensamento exercido após o 11 de Setembro. "Além do que existem milhões de americanos islâmicos nos EUA, o que faz com que a religião islâmica seja uma realidade no país", analisa Osman.

Difusão

A campanha contra o Islã após o 11 de Setembro acabou por difamar o islamismo mundo afora, mas também foi responsável por cativar ou instigar o interesse de novos grupos em torno do islamismo. Osman afirma que o número de praticantes islâmicos aumentou consideravelmente após o atentado. No Brasil, segundo o Sheik, o número de pessoas que dizem seguir os preceitos islâmicos aumentou em quatro vezes. "As pessoas passaram a se interessar pelo tema, a querer conhecer e ler mais sobre o assunto", reitera Osman.

Bem contra o mal

Todos os países muçulmanos e seus principais representantes religiosos condenaram as ações terroristas de 11 de Setembro. Mas as tentativas de polarizar o conflito entre Oriente e Ocidente ou entre George Bush e Osama bin Laden, logo deram resultado. Em pouco tempo, o incidente se transformou num confronto en­­tre o bem e o mal. De um lado os mocinhos americanos; do outro, os terroristas islâmicos.

"Não é por acaso que no vácuo do pós-guerra o Islã foi redescoberto como o inimigo generalizado. Agora ele (o Islã), particularmente na forma dos seus mais radicais representantes, como o Taleban ou o governo iraniano, é culpado pelo atraso do mundo fora do alcance dos poderes ocidentais", explica o professor e doutor Frank Usarski, livre docente em Ciência da Religião e professor do programa de pós-graduação em Ciência da Religião da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP).

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