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Estados Unidos

Além do controle do Senado: disputa na Geórgia será um termômetro para Trump

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O presidente dos EUA, Donald Trump (Foto: MANDEL NGAN/AFP)

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As eleições nos Estados Unidos, ainda indefinidas em meio às alegações de fraude eleitoral feitas pelo presidente Donald Trump, podem mudar o cenário no Poder Legislativo do país. Isso porque disputas entre Partido Democrata e Partido Republicano delineiam novas estratégias para conquistar a maioria no Senado.

Para os partidos, garantir a maioria no Senado significa impulsionar ou travar os projetos da presidência. Os senadores confirmam as nomeações de juízes e demais indicados do governo, inclusive para o Gabinete, e têm o poder sobre a agenda da Casa Branca.

Se o Partido Democrata conseguisse assumir o controle da Câmara, do Senado e da Casa Branca ao mesmo tempo, pela primeira vez desde 2010, poderia abolir a obstrução legislativa – o último recurso das minorias no Senado – e aprovar seus projetos de lei, geralmente rejeitados pelos republicanos, em temas como segurança pública, desarmamento e controle de preços de medicamentos.

Mas para que isso aconteça, os democratas precisam ganhar as duas cadeiras que serão disputadas em janeiro, na Geórgia. Desta maneira, eles conseguiriam 48 senadores e, junto com dois senadores independentes que costumam votar com os democrata, teriam 50 votos na Casa. Nesse cenário, se Kamala Harris realmente for a vice-presidente do país, como indicam os resultados das eleições, ela teria poder de desempate em votações de projetos e nomeações no Senado.

Até o momento os republicanos conquistaram 50 assentos no Senado e precisam de apenas mais um para ter por mais dois anos a maioria na Casa. Neste caso, os planos de reforma legislativa dos democratas, especialmente na área da saúde, deverão ser repensados.

“Vamos voltar ao negócio de governar. Os republicanos terão uma escolha – se eles serão úteis ou ficarão no caminho”, diz o estrategista democrata Zac Petkanas.

Definição na Geórgia

É a Geórgia, estado que foi considerado um dos cruciais no pleito presidencial, que vai definir o futuro do Senado norte-americano. As duas cadeiras da Casa ainda sem definição são as que competem à localidade, e serão decididas em um segundo turno marcado para o dia 5 de janeiro. Por enquanto, os republicanos somam 50 senadores contra 48 dos democratas.

É importante ressaltar que os dois atuais congressistas que representam a Geórgia no Senado, Kelly Loeffler e David Perdue, são do Partido Republicano. Os adversários democratas são Jon Ossoff e o reverendo Raphael Warnock. Com o objetivo de ajudar os candidatos republicanos, Donald Trump fará um comício no estado neste sábado (5).

Cientista político da Universidade da Geórgia, Trey Hood comenta que ainda é fundamental que os partidos atraiam novos eleitores para suas coalizões a fim de se manterem no páreo para janeiro. Há algumas oportunidades para as duas legendas nesse sentido. Antes, contudo, eles precisam garantir que os eleitores que votaram neles em novembro repitam a escolha no início do ano.

“As coisas estão bem divididas entre os republicanos e democratas em termos de votos totais, então alguém precisará conseguir novos eleitores para sua coalizão permanecer viável. Para ambos [os partidos], podem ser eleitores hispânicos”, diz.

“E você provavelmente tem uma porcentagem maior de [eleitores] brancos com educação universitária que ainda são republicanos na Geórgia em comparação com, digamos, Wisconsin ou algo assim. É muito interessante que a base dos partidos mudou em termos de uma espécie de classe trabalhadora sendo uma espécie de base do Partido Republicano agora”, acrescentou.

Posição republicana

Para o Partido Republicano, o foco dos democratas na pandemia de Covid-19 e no sistema de saúde é um erro. Uma das principais campanhas dos republicanos no Congresso é derrubar o Affordable Care Act, conhecido como “Obamacare”. A nomeação da juíza Amy Coney Barrett para a Suprema Corte levanta expectativas de que a lei seja, enfim, derrubada.

Mas a era Trump expôs problemas de popularidade do Partido Republicano, com eleitores tradicionalmente republicanos se afastando cada vez mais da legenda. “Precisamos reconquistar os subúrbios”, diz McConnell.

Com pesquisas preliminares que apontavam uma possível vitória de Biden para a presidência, senadores republicanos incluíram em suas campanhas advertências aos eleitores sobre os riscos representados por colocar a Casa Branca e o Congresso sob controle democrata. A estratégia pode trazer resultados positivos para os republicanos, que vêm virando os números a seu favor no Congresso.

“Tivemos uma eleição melhor do que a maioria das pessoas pensava que teríamos, mas temos melhorias que precisamos fazer”, destaca McConnell.

No campo legislativo, a expectativa dos republicanos é negociar um projeto de lei para manter o governo funcionando além do prazo final de meados de dezembro.

Mudanças

De qualquer forma, a expectativa é que as mudanças na presidência e no Legislativo levem os partidos a repensar pesquisas, arrecadação de fundos e as próprias mensagens que usam para alcançar os eleitores.

“Ganhando ou perdendo, Trump reorganizou os partidos políticos, transformando os republicanos, e não os democratas, no partido da classe trabalhadora da América”, diz o estrategista republicano Scott Jennings. “Os democratas têm muito em que pensar quando se trata desses eleitores. E os republicanos têm muito em que pensar sobre a adoção de políticas pertinentes a esses eleitores”, acrescenta.

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