A morte de um estudante durante os protestos no Chile levou o presidente Sebastián Piñera a clamar ontem por uma "imediata" abertura do diálogo entre estudantes, professores, governo e Congresso, para a solução do conflito estudantil.
Mobilizados há três meses por reformas no sistema educacional, os estudantes se juntaram a outros setores em uma greve geral de 48 horas, quarta e quinta-feira.
Nos dois dias de protestos, ocorreram novos confrontos com a polícia. Na quinta-feira à noite, o jovem Manuel Gutiérrez Reinoso, 16 anos, foi morto com um tiro no peito. O crime ocorreu em Macul, na região metropolitana de Santiago, quando a polícia reprimia os manifestantes. O irmão de Manuel, Gerson, contou que os policiais atiraram de seus carros. O governo nega, mas um inquérito foi aberto para apurar o caso.
A gestão Piñera tem sido criticada pela forte repressão empregada nos protestos. Correligionários pediram que fosse utilizada a Lei de Seguridade do Estado, medida de exceção da ditadura de Augusto Pinochet que permite o uso das Forças Armadas para conter os protestos.
Há ainda outro estudante internado em estado grave. Mais de 200 pessoas ficaram feridas. O governo divulgou que 1.394 pessoas foram presas durante os dois dias.
O movimento estudantil afirmou que vai analisar o inédito convite de Piñera para um diálogo direto com a presidência. Magdalena Paredes, uma das líderes estudantis, disse que o movimento cumpriu o objetivo, mas avalia que é hora de arrefecer os ânimos.
A principal demanda dos estudantes é que a educação pública seja gratuita. Eles também pedem o fim do lucro com o ensino. Cerca de 40% dos estudantes chilenos estão endividados.