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Protesto

Estudantes chilenos entram em confronto com a polícia

Policiais montados reprimem manifestação em Santiago: protesto se espalhou pela capital chilena, principalmente perto de universidades | Hector Retamal/APF Photo
Policiais montados reprimem manifestação em Santiago: protesto se espalhou pela capital chilena, principalmente perto de universidades (Foto: Hector Retamal/APF Photo)

O Chile viveu nesta quinta-feira (6) um novo dia de protesto estudantil, que incluiu violentos choques com a polícia em vários pontos da capital Santiago, um dia depois da quebra do diálogo com o governo, reavivando um conflito por uma educação pública de qualidade que já dura cinco meses.

Os confrontos eclodiram logo no início das concentrações em um local não autorizado pelas autoridades, e se estenderam por vários pontos da cidade, principalmente nas imediações das universidades, onde foram registrados violentos confrontos com a polícia.

Os distúrbios começaram depois que milhares de estudantes se reuniram na Praça Itália, local onde normalmente são realizadas celebrações esportivas, para iniciar uma passeata pela Avenida Alameda, sendo dispersados pela polícia com jatos d'água e bombas de gás lacrimogêneo. O caos tomou conta do lugar, com a correria de milhares de estudantes.

Grupos de manifestantes voltaram a se reunir depois em vários pontos de Santiago, onde ergueram barricadas em chamas e entraram em confronto com policiais arremessando pedras e paus nos agentes.

"Foi um dia marcado pela delinquência e o vandalismo", disse a intendente (governadora) de Santiago, Cecilia Pérez, que contabilizou o número de feridos em 132 "em desordens graves e lançar pedras contra civis e contra carabineiros (policiais)", com base em informes da polícia chilena.

Segundo Pérez, 25 agentes e cinco civis tiveram ferimentos de diferente gravidade.

"O governo é o culpado por negar tudo. Pedimos permissão para protestar e não nos dão, pedimos educação gratuita e também não. O que querem?", disse uma das porta-vozes da Confederação de Estudantes do Chile (Confech), Camila Vallejo.

"Os líderes da Confech esticaram o elástico mais do que deveriam", afirmou Pablo Zalaquett, prefeito de Santiago, cidade que registrou desde o final de abril 37 passeatas e jornadas de protesto convocadas pelos estudantes.

A agitada jornada ocorreu um dia depois que um frágil diálogo aberto há uma semana entre os estudantes e o governo foi rompido devido à rejeição do governo em estabelecer a gratuidade para grande parte do sistema público de ensino, inexistente hoje no Chile em nível universitário e que favorece apenas 40% dos estudantes.

A interrupção do diálogo reavivou um conflito que já se estende por cinco meses e que conta com um amplo respaldo da população, mantendo em xeque o governo do direitista Sebastián Piñera.

"Há cinco meses, nenhum dos dois grupos abre maiores espaços para iniciar uma negociação. Estamos em ponto morto", explicou à AFP o cientista político da Universidade do Chile, Guillermo Holzmann.

"O governo não variou sua estratégia, se mantém na mesma linha inicial e está apostando que esta linha vai triunfar, que é o desgaste e a divisão interna do movimento estudantil e a rejeição social às desordens públicas", acrescentou Holzmann.

Os estudantes pedem o fortalecimento da educação pública em um país com um sistema educacional altamente segregado, produto das reformas liberais impostas pela ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).

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