Milhares de estudantes saíram nesta quinta-feira (10) às ruas das principais cidades da Colômbia em rejeição a um projeto de reforma da educação superior, o qual o presidente Juan Manuel Santos propôs retirar caso seja encerrada a greve universitária iniciada há um mês.
Em Bogotá, os estudantes se concentravam em frente às sedes de suas universidades e realizaram uma passeata por diversas ruas até a praça Bolívar, no centro da capital, onde encerraram a manifestação com discursos e canções e onde devem acampar durante a noite.
Com bandeiras, muitos deles disfarçados e com o rosto pintado, os estudantes levavam cartazes que diziam: "não educamos capital humano, mas seres humanos" e "não à mudança da lei, sim à mudança do país".
Várias jovens levantavam cravos "para dar de presente aos policiais quando chegarmos ao centro". A segurança em Bogotá foi reforçada nesta quinta-feira com 2.500 agentes, segundo a prefeitura.
Manifestações semelhantes ocorreram nas principais cidades de Colômbia, entre elas Medellín (noroeste) e Cali (sudoeste), com participação em massa.
Greve
Pouco mais de meio milhão de estudantes das 32 universidades públicas da Colômbia estão em greve há um mês, em rejeição a um projeto de reforma da lei de educação superior, que afirmam ter como objetivo privatizar seus centros de estudo.
Os jovens questionam o fato de esse projeto legislativo não ter sido debatido com o setor universitário antes de ser apresentado ao Congresso, onde o governo do presidente Santos tem ampla maioria.
Os protestos estudantis e as críticas do setor acadêmico levaram na quarta-feira (9) o presidente a declarar que retiraria o projeto de reforma se a greve universitária fosse encerrada.
"Vocês convocaram esta greve para que a reforma fosse retirada e já respondemos positivamente à sua solicitação. Vamos retirar a reforma se encerrarem a greve e voltarem às aulas. Aqui não há nenhuma ameaça", disse Santos nesta quinta-feira, ao ratificar a decisão.
"Está aberto o convite àqueles que protestam para que se sentem conosco e com os demais atores do setor, para conversarmos sobre do que nossa educação superior precisa, ponto por ponto", completou.
Os estudantes anunciaram que realizarão uma assembleia nacional neste sábado (12) para decidir sobre o fim da greve universitária.
"Retirar a reforma é uma saída demagógica para que se diga que há diálogo, que o governo é conciliador. Mas eles vão montar uma nova reforma e não vão nos levar em conta", disse à AFP um dos manifestantes, Leonardo González, de 24 anos, e a ponto de se formar na Universidade Pedagógica.
Clara Arciniegas, estudante do sexto semestre da Universidade Pedagógica, questionou por sua vez que com o projeto legislativo "nossa universidade se tornaria um instituto educativo e isso não é justo".
A reforma da lei busca assegurar a sustentabilidade fiscal dos centros de educação superior, assim como aumentar sua cobertura com aumento dos créditos educativos, afirma o projeto.
Segundo seus críticos, no caso de a reforma ser aplicada nas universidades, estas obteriam uma porcentagem cada vez menor de recursos públicos.
As universidades públicas da Colômbia receberam cerca de 0,46% do PIB entre 2002 e 2011, de acordo com um estudo do Centro de Pesquisa para o Desenvolvimento.
"Não gostamos da lei porque a educação não é um serviço, é um direito", aifrmou em meio à marcha Mercedez Ruiz, estudante de 16 anos.