Os estudantes chilenos rechaçaram ontem proposta do presidente Sebastián Piñera para tentar pôr fim à onda de protestos em prol de uma reforma da educação, que estourou no país há três meses.
Em decisão unânime, o movimento estudantil afirmou que o documento apresentado pelo Ministério da Educação nesta semana é "ideológico" e, em vez de fortalecer a educação pública, "pretende privatizá-la".
O rechaço ocorre um dia depois do maior conflito desde o início da "primavera chilena", em maio, quando estudantes saíram às ruas e ocuparam colégios e universidades em todo o país.
Os confrontos de ontem resultaram em 874 detenções, 90 policiais feridos e na invasão temporária de uma emissora de tevê. Os estudantes anunciaram novos protestos nos próximos dias e deram prazo de seis dias para Piñera apresentar uma nova proposta.
Para tentar pôr fim à crise, o governo elaborou um documento que lista 21 medidas para tentar reformar o sistema de educação. Entre elas, mais verba para o ensino, mais bolsas de estudo e o comprometimento de considerar a educação uma garantia constitucional, como pedem os estudantes.
Mas a liderança do movimento estudantil considerou o documento insuficiente para acabar com o endividamento dos alunos com o ensino superior e ponto mais importante não torna a educação pública gratuita.
O último ponto é uma das principais demandas dos estudantes chilenos. Desde os anos 70, durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973-90), o papel do Estado foi esvaziado na educação.
Cursar uma disciplina na Universidade do Chile pode custar cerca de US$ 8 mil por ano. Cerca de 40% dos estudantes chilenos deixam a universidade endividados.
O presidente Piñera, pressionado pelos distúrbios e com popularidade em baixa, pediu ontem no Twitter que seja firmado logo um acordo.
Ontem, Santiago mostrava vestígios de barricadas montadas em vários pontos da cidade, bem como dos incidentes que aconteceram na quinta-feira. O prefeito de Santiago, Pablo Zalaquett, calculou em mais de US$ 100 mil os prejuízos que sofreram lojas e ruas.
Como Bolsonaro se prepara para reagir ao indiciamento por suposto golpe
Corte de gastos do governo: quais as medidas que Haddad pode anunciar nesta quarta
Mentor do golpe ou quem o impediu: as narrativas em torno de Bolsonaro após indiciamento
“Era atendimento religioso”, diz defesa de padre indiciado com Bolsonaro