Estudiosos de diversos países estão empolgados com uma série de cartas escritas há mais de 300 anos e que nunca foram entregues -- algumas, sequer abertas. As correspondências estão em um museu holandês desde 1926, mas só agora passaram a ser estudadas, graças a técnicas que permitem descobrir seu conteúdo sem precisar abri-las e sem danificá-las.
De acordo com o jornal inglês The Guardian, o tesouro histórico estava guardado em um baú feito de tronco e forrado com tecido. São 2.600 cartas, sendo pelo menos 600 ainda seladas. Todas são datadas entre 1680 e 1706, um período de guerra constante e agitação política na Europa.
Uma equipe formada por estudiosos de universidades como Oxford, Leiden e Yale são os responsáveis pelas análises e esperam descobrir novos aspectos sobre a sociedade europeia do século 17. A coleção tem cartas de aristocratas, espiões, comerciantes e atores. Foram escritas em diversos idiomas, como francês, holandês e latim, por exemplo.
Um dos motivos para que elas estivessem “encostadas” é que, na época, quem pagava pelo envio era o destinatário. Em muitos casos, ele se recusava a receber a correspondência. Em outros, o entregador simplesmente não o encontrava.
Em uma das cartas, uma mulher escreve para um comerciante judeu em Haia, Holanda, em nome de uma “amiga em comum”. A amiga, uma cantora de ópera, havia partido para Paris, mas lá descobriu que estava grávida deste comerciante. Ela precisava de dinheiro para retornar à cidade holandesa.
“Você pode imaginar a a causa do desespero dela. Eu não posso colocar em palavras. Pense sobre isso e devolva a vida a ela providenciando sua volta”, dizia a autora. O comerciante se recusou a receber a carta. Não se sabe qual foi o destino da cantora.