Uma nova análise de amostras da Lua revela que o satélite e a Terra receberam sua água da mesma fonte original, o que parece sugerir que o planeta já nasceu "molhado".
O resultado também faz os cientistas admitirem que não entendem direito o exato processo de surgimento da Lua, porque a presença de sinais de água de provável origem terrestre lá parece inconsistente com os modelos tradicionais de formação lunar.
A teoria prevalente é de que há 4,5 bilhões de anos, na época em que os planetas estavam em formação, um objeto do tamanho de Marte colidiu com a Terra "bebê".
O impacto violentíssimo teria derretido a superfície do planeta e ejetado uma grande quantidade de material em órbita. Por colisões e atração gravitacional, esse material voltaria a se reunir no espaço, formando a Lua.
A hipótese é ótima porque explica como a Terra foi parar com um satélite natural tão grande, mas, ainda assim, pouco denso.
O que a hipótese não explica é como sobrou água para formar o magma no interior da Lua. Supostamente, no impacto, toda água que pudesse estar no planeta e acabou ejetada deveria ter sumido.
"Desde as missões Apollo, entre 1969 e 1972, até 2008, acreditava-se que a Lua era completamente seca, o que era consistente com o modelo de sua formação por um impacto gigante", disse Alberto Saal, pesquisador da Universidade Brown, em Providence, no estado americano de Rhode Island, e primeiro autor do novo estudo, publicado on-line pelo periódico Science.
Em 2008, o grupo de Saal apresentou a primeira evidência de hidrogênio dissolvido em vidros vulcânicos lunares resquício da água que existia no magma do satélite. Faltava explicar como essa água foi parar lá.
Amostras
Usando amostras colhidas na própria Lua pelos astronautas das missões Apollo 15 e 17, os pesquisadores liderados por Saal compararam a proporção de dois tipos de átomo, hidrogênio e deutério que consiste basicamente em um tipo "pesado" de hidrogênio.
A proporção entre deutério e hidrogênio é uma forma interessante de rastrear a origem da água porque ela aparece em diferentes quantidades em vários locais do Sistema Solar.
Os pesquisadores notaram que o valor obtido para a Lua é similar ao observado em amostras vulcânicas da Terra e virtualmente idêntico ao obtido em meteoritos conhecidos como condritos carbonáceos, que por sua vez são resquícios da formação do Sistema Solar.
Moral da história: não foram cometas que trouxeram a água da Terra (e, por tabela, para a Lua), mas sim asteroides. E isso aconteceu provavelmente ainda durante a formação do planeta.
"O mais provável é que a Terra tenha se formado com água, e uma das implicações do nosso trabalho é que nenhuma variação significativa ocorreu desde o impacto que formou a Lua", diz Saal.
Agora, de posse dos dados, os cientistas precisam voltar às pranchetas para explicar como o impacto que produziu a Lua não eliminou a água, como era esperado pelos modelos tradicionais.
A teoria
prevalente é de que há 4,5 bilhões de anos, na época em que os planetas estavam em formação, um objeto do tamanho de Marte colidiu com a Terra "bebê".
O impacto
teria derretido a superfície da Terra e ejetado material em órbita. Por colisões e atração gravitacional, esse material voltaria a se reunir no espaço, formando a Lua.