Elizabeth H. Blackburn (direita)| Foto: Justin Sullivan/Getty Images/AFP

Pós-doutorado

Brasileira se diz orgulhosa

Folhapress

São Paulo - Maria Isabel Cano, professora do Departamento de Genética da Unesp de Botucatu, teve dois bons motivos para comemorar o Nobel de medicina. Além de estudar telômeros, ela fez seu pós-doutorado com Elizabeth Blackburn, uma das ganhadoras.

"A sensação é de orgulho’’, diz maria Isabel. "A Liz é uma pessoa muito simples, amável, de fácil trato. Nunca agiu como estrela e sempre deu atenção a todos os alunos, do pessoal da graduação aos pós-doutorandos’’, conta.

Segundo a brasileira, a pesquisa ganhadora do Nobel também pode oferecer armas contra a leishmaniose, doença tropical que ainda resiste à erradicação no Brasil. Ela relata que começou a estudar essa possibilidade durante sua colaboração com Blackburn, no fim dos anos 1990. Desde então, a pesquisadora procura alvos para novos medicamentos contra os parasitas, atacando os telômeros deles.

"O telômero é um mundo à parte. Além da telomerase, existem inúmeras proteínas que participam de sua regulação. Já temos alguns alvos com bom potencial’’, afirma Maria Isabel.

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Jack W. Szostak
Carol W. Greider
Entenda a descoberta premiada pelo prêmio Nobel
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Estocolmo - Os norte-americanos Elizabeth Blackburn, Carol Greider e Jack Szostak foram apontados ontem como os ganhadores do Prêmio Nobel de Medicina de 2009. A distinção ocorreu porque o trabalho desses pesquisadores têm implicações na investigação do câncer e do envelhecimento. Es­­ta é a primeira vez que duas mu­­lheres estão entre os vencedores do prêmio de medicina.

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O trio equacionou um enorme problema na biologia: como os cromossomos podem ser "co­­piados de forma completa du­­rante a divisão de células e como são protegidos da degradação", lembra o comunicado do prêmio.

O texto acrescenta que os laureados mostraram que a solução para isso deve ser encontrada nos extremos dos cromossomos – os telômeros – e em uma en­­zima que forma essas estruturas.

Os telômeros são comparados frequentemente com as pontas de plástico dos cadarços de sapatos, que evitam que esses cadarços se desenredem.

Blackburn e Greider descobriram a enzima que produz os telômeros, a telomerase – o me­­canismo pelo qual se acrescenta DNA a pedaços de cromossomos para substituir material genético perdido.

"As descobertas de Blackburn, Greider e Szostak acrescentaram uma nova dimensão à nossa compreensão da célula, esclareceram os mecanismos da doença e estimularam o desenvolvimento de potenciais novas terapias", afirmou o comitê do prêmio.

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O trabalho dos vencedores do Nobel foi feito no final dos anos 1970. Na década seguinte, ele es­­tabeleceu parâmetros para pesquisas que sugerem que as células cancerosas usam a telomerase para dar sustentação a seu cres­­cimento descontrolado. Cien­­tistas estudam se drogas que blo­­queiam a enzima podem ser úteis no combate à doença. Além disso, os cientistas acreditam que a reparação do DNA pela en­­zima pode desempenhar alguma função em algumas doenças.

Currículo

Elizabeth Blackburn tem cidadania norte-americana e australiana e é professora de Biologia e Psi­­cologia da Universidade da Califórnia, campus São Francisco. Carol Greider é professora no de­­partamento de Biologia Molecu­­lar e Genética da Escola de Medi­­cina da Universidade Johns Hop­­kins, em Baltimore. Jack Szostak está na Escola de Medicina da Uni­­versidade Harvard desde 1979 e é atualmente professor de genética no Hospital Geral de Massachusetts em Boston. Tam­­bém é ligado ao Instituto Médico Howard Hughes.

Carol Greider, de 48 anos, disse que recebeu um telefonema pouco antes das 5h com a notícia de que havia ganhado o prêmio. "É algo realmente incrível, uma coisa que não se espera", disse ela à Associated Press por telefone. Ela disse que os experimentos co­­meçaram com o objetivo de en­­tender como as células funcionam, e não com a ideia de que tivessem implicações para a me­­dicina. "Recursos para este tipo de ciência motivada pela curiosidade são realmente importantes", disse ela, acrescentando que a pesquisa orientada para uma doença não é a única forma de se chegar a uma resposta, mas que "juntas são cooperativas".

Elizabeth Blackburn, de 60 anos, relata que foi acordada às 2h. "Prêmios são sempre uma coisa boa", disse ela. "Não mu­­dam a pesquisa por si mesmos, mas é muito bom ter reconhecimento e dividi-lo com Carol Grei­­der e Jack Szostak".

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Szostak, de 56 anos, afirmou que "há sempre uma pequena chance de que algo como isso possa acontecer, então, quando o telefone tocou, eu achei que poderia ser. Quando começamos o trabalho estávamos apenas interessados na questão básica sobre a replicação do DNA, sobre como os extremos dos cromossomos são mantidos", afirmou ele.

O prêmio, anunciado na se­­gunda-feira, inclui 10 milhões de coroas suecas (US$ 1,4 mi­­lhão), um diploma e um convite para a cerimônia de entrega de prêmios em Estocolmo, em 10 de dezembro. Os prêmios Nobel de Física, Química, Literatura e da Paz serão entregues no decorrer desta semana. O Nobel de Eco­­nomia será anunciado em 12 de outubro.

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Os vencedores

Ganhadores do Nobel de Medicina fazem pesquisa em universidades americanas.

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Carol W. Greider

Greider, cidadã dos Estados Unidos, nasceu em 1961 em San Diego, perto da Universidade da Califórnia, Davis. Ela se doutorou em biologia molecular e celular em 1987 na Universidade da Califórnia,

Berkeley. Depois de realizar pesquisas de pós-doutorado no Laboratório Cold Spring Harbor, foi nomeada em 1997 professora do Departamento de Biologia Molecular e Genética da Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins, em Baltimore.

Jack W. Szostak

Nasceu em novembro de 1952 em Londres, e cresceu no Canadá. Estudou na Universidade McGill,em Montreal, e na Universidade Cornell, em Ithaca, Nova Iorque, onde se doutorou em 1977.

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Está desde 1979 na Escola de Medicina de Harvard, e atualmente leciona Genética no HospitalGeral de Boston. Também está ligado ao Instituto Médico Howard Hughes. Ele fez contribuições pioneiras no campo da genética.

Elizabeth H. Blackburn

É bióloga molecular e bioquímica. Nasceu em Hobart, no sul da Austrália, em novembro de 1948. Ela se formou em 1970 na Universidade de Melbourne e concluiu pós-graduação no ano seguinte. Em 1975, doutorou-se em biologia molecular pela Universidade de Cambridge e radicou-se em seguida nos EUA.

No seu novo país, começou as pesquisas com telômeros. Em 1978, tornou-se professora-assistente da Universidade da Califórnia.