O grupo separatista basco ETA, última grande guerrilha da Europa, anunciou nesta quinta-feira (20) o fim de meio século de violência. A luta do grupo Euskadi ta Askatasuna (Pátria Basca e Liberdade, no idioma basco) pela independência da sua região, dividida entre o norte da Espanha e o sul da França, já estava bastante enfraquecida nos últimos anos por causa da prisão de centenas de seus membros e da apreensão de muitas de suas armas. "O ETA decidiu-se pelo cesse definitivo da sua atividade armada. O ETA convoca os governos espanhol e francês a abrirem um processo de diálogo direto com o objetivo de tratar da resolução do conflito", disse o grupo em comunicado difundido pelo jornal basco Gara e em um vídeo na internet, onde três guerrilheiros mascarados aparecem lendo o texto atrás de uma mesa, e ao final erguem os punhos.
O grupo vinha sofrendo intensa pressão do seu próprio braço político e de ex-integrantes agora presos para se dissolver. Os três militantes que aparecem no vídeo não explicaram se o ETA irá entregar suas armas, algo que o primeiro-ministro espanhol, José Luís Rodríguez Zapatero, diz ser uma condição para qualquer negociação com o ETA. O governo espanhol saudou o anúncio. "Isso foi possível graças à bravura e à força da sociedade espanhola, guiada pelo Estado de direito, que triunfa hoje como a única forma possível para que as pessoas convivam", disse Zapatero. "Nossa democracia será sem terrorismo, mas não sem memória." O ETA havia declarado em janeiro uma trégua que Zapatero disse ser insignificante se o grupo não entregasse suas armas. O governo socialista é profundamente impopular e deve perder a eleição geral de 20 de novembro, por causa da indignação popular com a crise econômica e o desemprego. Analistas dizem que dificilmente a desarticulação do ETA será suficiente para que o PSOE (Partido Socialista) reverta essa tendência.
Última morte
O ETA não mata ninguém desde março de 2010, quando um policial francês foi assassinado por guerrilheiros que fugiam após cometer um roubo. O governo espanhol diz que o ETA matou 829 pessoas desde a sua fundação, em 1959. Na segunda-feira (17), líderes internacionais que participavam de uma conferência no País Basco haviam feito um apelo para que o ETA abandonasse a luta armada. Mas muitos políticos e órgãos de comunicação criticaram a conferência e suas conclusões, dizendo que ela havia servido como pretexto para que o braço político dos separatistas atraísse a atenção internacional e se fortalecesse para uma eventual negociação. O Partido Popular (centro-direita), favorito nas eleições de novembro, disse pelo Twitter que o anúncio do ETA só fará sentido se o grupo entregar suas armas.
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